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Mercado interferir na política é inadmissível, diz Dilma

A presidente comentou sobre um informe do Santander que apontava risco de deterioração da economia caso a petista liderasse as pesquisas eleitorais


	Dilma: a presidente afirmou ainda que há uma mistura de especulação contra o governo com pessimismo
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Dilma: a presidente afirmou ainda que há uma mistura de especulação contra o governo com pessimismo (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2014 às 09h31.

Brasília e São Paulo - A presidente Dilma Rousseff criticou nesta segunda-feira, 28, setores do mercado financeiro ao ser questionada sobre um informe enviado pelo Banco Santander a clientes de alta renda que apontava risco de deterioração da economia caso a candidata do PT se estabilize na liderança das pesquisas de intenção de voto. A presidente definiu como "interferência" a manifestação da instituição financeira, que depois se retratou publicamente.

"Eu acho que é inadmissível para qualquer país, principalmente um país que é a sétima economia do mundo, aceitar qualquer nível de interferência de qualquer integrante do sistema financeiro de forma institucional na atividade eleitoral. Isso é inadmissível", afirmou Dilma durante sabatina realizada no Palácio da Alvorada pelo jornal Folha de S. Paulo, portal UOL, rádio Jovem Pan e SBT.

A crítica gerou uma reação imediata de seus principais adversários. O candidato do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou em São Paulo que todos os analistas financeiros hoje manterão o ceticismo em relação à economia se a petista for reeleita.

"Infelizmente, para o Brasil de hoje, quanto mais provável a reeleição da presidente, os indicadores econômicos serão piores e quanto mais houver a possibilidade de vitória da oposição, mais irão melhorar o ambiente e as expectativas de futuro", afirmou o tucano, para quem "a resposta adequada do governo seria garantir um ambiente estável, de confiança".

Ao 'Estado', Eduardo Campos (PSB) concordou com a crítica do informe do banco quanto à condução macroeconômica do País, mas avaliou que a instituição não deveria ter "personificado" os questionamentos.

"A análise do cenário econômico feita pelo banco foi correta, mas o documento não deveria ter personificado a crítica", afirmou.

O Santander já disse que o informe não representa a opinião da instituição e anunciou que os funcionários responsáveis pelo documento serão demitidos.

Sobre as desculpas apresentadas pelo banco, Dilma afirmou que esse pedido foi bastante protocolar. "Lamento o que aconteceu, acho bastante protocolar."

Após a polêmica, prefeitos paulistas do PT procuraram a direção do partido para reavaliar os convênios com o Santander. A prefeitura de Osasco, na Grande São Paulo, anunciou o cancelamento do convênio sob a alegação de "mau atendimento".

Em discurso para sindicalistas em evento da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também atacou a instituição financeira.

"Não tem nenhum lugar no mundo que o Santander esteja ganhando mais dinheiro do que aqui", disse Lula em Guarulhos (SP). Para o ex-presidente, a pessoa responsável pelo comunicado não entende "porra nenhuma" de Brasil e não sabe nada a respeito do governo Dilma.

Ao comentar a conjuntura econômica, a presidente afirmou ainda que há uma mistura de especulação contra o governo com pessimismo. Ela lembrou do ambiente pré-Copa.

"Houve gente que disse que não tem aeroporto, vai ser um caos, o Brasil está aquém de tudo, vai fazer Copa absolutamente aquém do nosso potencial, não vai ter estádio decente, segurança vai ser desastre, não tem estrutura de comunicação.... Isso é muito grave, isso é uma especulação contra o País."

‘Marolinha’

Questionada sobre a crise de 2008 e se Lula havia errado ao compará-la a uma "marolinha", Dilma admitiu que o processo foi subestimado.

"Todos nós erramos porque a gente não tinha ideia do grau de descontrole que o sistema financeiro tinha atingido. Nós minimizamos os efeitos da crise sobre a economia brasileira", disse.

De acordo com a presidente, nenhum país se recuperou economicamente da crise. "Crescemos 2,5% em 2013. Dos países do G-20, estamos entre os seis ou sete que mais cresceram. O Brasil enfrentou a crise e sem cair naquela que é a pior situação em todos os países."

Segundo Dilma, o governo trabalhou para impedir que a população "pagasse o pato da crise". (Colaboraram Ricardo Chapola, Elizabeth Lopes, Ricardo Della Colletta, Ricardo Brito, Ricardo Galhardo, Carla Araújo e Valmar Hupsel Filho). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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