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Mensagens sugerem que Traumann ‘vazou’ reunião com Dilma

Traumann foi assessor especial da secretaria em 2011 e porta-voz da presidente afastada Dilma Rousseff a partir de 2012, no primeiro mandato da petista


	Traumann: Traumann foi assessor especial da secretaria em 2011 e porta-voz da presidente afastada Dilma Rousseff a partir de 2012, no primeiro mandato da petista
 (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Traumann: Traumann foi assessor especial da secretaria em 2011 e porta-voz da presidente afastada Dilma Rousseff a partir de 2012, no primeiro mandato da petista (Antonio Cruz/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 12 de julho de 2016 às 17h34.

São Paulo - Relatório da Polícia Federal sobre as mensagens de celular do ex-presidente da Andrade Gutierrez e delator da Lava Jato Otávio Azevedo sugere que o ex-ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência vazou informações de uma reunião interna do governo para o empreiteiro Thomas Traumann

Traumann foi assessor especial da secretaria em 2011 e porta-voz da presidente afastada Dilma Rousseff a partir de 2012, no primeiro mandato da petista. Em janeiro de 2014, ele assumiu o comando da pasta, substituindo a jornalista Helena Chagas.

As mensagens do celular de Otávio Azevedo foram apreendidas pela Polícia Federal e embasam investigações da Lava Jato.

Num torpedo de 14 de outubro de 2011, Traumann avisa o empreiteiro sobre um projeto relacionado à infraestrutura aeroportuária em São Paulo: "No café da manhã, chefa disse q o entroncamento de rotas c/ GRU e VRC inviabiliza Caieiras".

O governo estudava a implantação de um novo aeroporto internacional em São Paulo, a ser construído em Caieiras, como alternativa aos terminais de Guarulhos (cuja sigla é GRU) e Viracopos, em Campinas.

O projeto era de interesse da Andrade Gutierrez, que elaborou junto com a Camargo Corrêa uma proposta de construção de um terminal chamado Novo Aeroporto de São Paulo (Nasp).

O empreendimento teria financiamento de cerca de R$ 5 bilhões do BNDES e teria a capacidade para atender 30 milhões de passageiros por ano.

Avisado pelo assessor, o empreiteiro retrucou: "Isto foi público?" Ao que Traumann respondeu: "Não. Só ministros".

Questionado pela reportagem, o ex-ministro disse que não possui mais o número de Brasília e que, pelo que se lembra, a conversa dizia respeito a uma decisão anunciada pelo então ministro da Aviação Civil, Wagner Bittencourt, na qual descartava autorização para as obras do Nasp.

A entrevista, contudo, foi publicada no dia 31 de outubro, 17 dias após o diálogo com Otávio, pelo jornal Valor Econômico.

O relatório da PF sobre as mensagens mostra várias outras comunicações de Traumann com o executivo entre 2011 e 2014, nas quais discutem questões de governo, marcam encontros e tratam de favores.

Antes de assumir funções na Presidência, Traumann era um dos responsáveis pela comunicação corporativa da empreiteira.

Em janeiro de 2012, antes de ser anunciado oficialmente como porta-voz da presidente, Traumann avisa a Otávio Azevedo: "Para você não saber pela imprensa: fui indicado porta-voz da presidenta. Deseje me sorte!"

No dia 24 de outubro de 2011, Traumann avisa o empreiteiro: "Caro, o paper q vc me pediu está estruturado. Como está a sua agenda?"

Em 11 de julho daquele ano, Traumann fazia referência a possíveis sugestões do executivo a um anúncio que seria feito pelo governo.

"Muitas de suas opiniões serão aproveitadas nas regras a serem anunciadas ainda hoje". Naquele dia, Dilma teve uma reunião de coordenação com sua equipe no Planalto.

Em outra ocasião, em junho de 2011, Traumann avisa o empreiteiro que pretendia sair do governo. "Estou pensando em ir embora." E recebe uma oferta de emprego do executivo: "Volta para a AG. Estamos de braços abertos".

Dias depois, Traumann declina do convite e informa que ficaria no Planalto para novas atividades. "Propuseram que eu cuidasse dos discursos e de algumas operações de imprensa da PR (Presidência)", explicou, acrescentando: "E seguimos amigos".

Defesa

Traumann diz que não tem mais este número de celular de Brasília e portanto não podia checar o contexto dessas trocas de mensagens de cinco anos atrás.

"Pelo que recordo, se tratava da decisão anunciada em entrevista pelo então ministro da Aviação Civil, Wagner Bittencourt, descartando a autorização para a construção do aeroporto de Caeiras. A informação havia sido publicada pelo jornal Valor Econômico, e, portanto, não era sigilosa."

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