Cândido Vaccarezza foi preso em 18 de agosto na Operação Abate, desdobramento da Lava Jato (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 23 de outubro de 2017 às 12h59.
Relatório da Polícia Federal mostra o ex-deputado Cândido Vaccarezza (ex-PT-SP), inquieto, tentando solucionar supostas dívidas. A PF analisou mensagens capturadas de celulares apreendidos na casa do ex-parlamentar.
Vaccarezza foi preso em 18 de agosto na Operação Abate, desdobramento da Lava Jato. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal pediram a conversão da custódia temporária em preventiva, mas o juiz federal Sérgio Moro mandou soltar o ex-deputado por questões de saúde.
Em um do telefones de Vaccarezza, a PF achou mensagens trocadas com um interlocutor identificado como João Lima. O relatório destacou alguns textos de 18 e 19 de abril.
"Os trechos foram selecionados apenas para demonstrar a ligação existente entre Cândido Vaccarezza e a pessoa de João Lima, principalmente com relação a questões financeiras que envolviam o ex-deputado, onde João Lima fazia "gestões" em busca de recursos financeiros a pedido de Vaccarezza", afirmou a Federal.
Às 18h30, de 18 de abril, Vaccarezza escreveu a João Lima. "O mínimo é 2200. Tem de pagar hoje se não eu me acabo. Veja alguém para pagar e eu acerto amanhã."
Às 00h04, do dia seguinte, o interlocutor respondeu. "O Galdino não tem limite na conta. Pode pagar amanhã? Rodei a cidade toda atrás de alguém p pagar."
Em outro aparelho celular, a PF destacou mensagens trocadas por Vaccarezza e José Guilherme em 24 de abril. Segundo a Federal, o ex-deputado pede ao interlocutor "que resolva o problema" de Ítalo Cardoso.
"Meu amigo. Se for possível resolva o problema de Ítalo agora pela amanhã se não ele me mata. Se você tiver certeza da resolução hoje, já combine com ele", pede Vaccarezza.
José Guilherme responde. "Ok."
O ex-deputado, então, diz ao interlocutor que precisa 'manter conversas semanais'. "Saí do interior renovado e estarrecido com a rejeição ao petismo", escreve o ex-parlamentar adiante. "Rilo não representa mais nada em Rio Preto."
Em outro trecho destacado pela PF, Vaccarezza fala novamente com Zé. "A mulher começou a me ligar dizendo que não tem nada na conta. Não esqueça que amanhã o dinheiro tem de estar na conta dela. Abs."
Às 13h15, de 7 de agosto, onze dias antes de ser preso, o ex-deputado insiste com José Guilherme. "Oi Zé a fera tá me enchendo o saco dizendo que só foi depositado 2. Abs"
O interlocutor do deputado responde, então. "Foi mais 1500. Em seguida."
"O advogado Marcellus Ferreira Pinto informa, por meio de nota, que as mensagens contidas no relatório se referem a relações privadas e comprovam o que a defesa tem demonstrado desde o primeiro momento nos autos, ou seja, a frágil condição econômica na qual se encontra Vaccarezza. Não há, nas mensagens, qualquer evidência de condutas ilícitas."