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Meirelles: medidas são prudenciais mas têm impacto macroeconômico

Henrique Meirelles alertou que rápida expansão do crédito pode criar bolhas

Henrique Meirelles freia a expansão do crédito na economia brasileira (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

Henrique Meirelles freia a expansão do crédito na economia brasileira (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2011 às 13h09.

Brasília - O Banco Central anunciou nesta sexta-feira uma série de medidas para enxugar a liquidez da economia e evitar o surgimento de "bolhas", em um momento de inflação em alta e a menos de uma semana da próxima reunião o Copom.

O governo elevou o compulsório sobre depósitos à vista e a prazo, reduzindo os recursos que os bancos têm disponíveis para emprestar, e tornou mais caro para as instituições oferecer crédito de longo prazo às pessoas físicas .

"Essa medida, que tem um caráter macroprudencial, reduz a liquidez no mercado financeiro e inibe o surgimento de trajetórias não sustentáveis, as bolhas no crescimento do volume de crédito e a assunção de riscos que podem ser negativos para a economia", disse a jornalistas o presidente do BC, Henrique Meirelles.

Ele frisou que, apesar de serem medidas prudenciais, as medidas terão impactos macroeconômicos, com efeitos sobre a oferta de crédito, a atividade econômica e a inflação.

Segundo Meirelles, há uma equivalência entre medidas macroprudenciais e as ações convencionais de política monetária. Ele ressaltou que as medidas "não são substitutas perfeitas, mas devem ser aplicadas com finalidades específicas".

Nos mercados, a interpretação foi que um aumento dos juros ficou mais distante após o aperto monetário.

O DI janeiro 2011 recuava com força, para 10,686 por cento, ante os 10,839 por cento do ajuste da véspera. O DI janeiro 2012 caía para 12,11 por cento, ante 12,24 por cento.

"Estas medidas deverão ter impacto sobre o ritmo de crescimento da demanda recente, adiando, por algum tempo, a necessidade de elevação de juros", afirmou a consultoria Rosenberg & Associados em relatório.

Compulsórios

A presidente eleita, Dilma Rousseff, anunciou como objetivo explícito do seu governo reduzir a taxa de juro real da economia para 2 por cento até 2014. Isso havia alimentado expectativas de que o Banco Central poderia recorrer mais a apertos monetários que não envolvessem alta da Selic ao longo do tempo.

A parcela dos depósitos a prazo que deve ser recolhida pelos bancos ao BC aumentará de 15 por cento para 20 por cento. O governo também aumentou o adicional de compulsório para depósitos à vista e a prazo --de 8 para 12 por cento-- e reduziu os limites de dedução desse recolhimento para bancos menores.

As medidas, que valerão para os depósitos feitos a partir da próxima segunda-feira, enxugarão 61 bilhões em reais da economia, reduzindo a disponibilidade de crédito.

O recolhimento total ficará 10 bilhões de reais acima do que prevalecia antes da crise e representa um ajuste devido à inflação e à expansão do crédito no período, afirmou Meirelles.

Durante a crise, o governo havia reduzido os compulsórios em um esforço para estimular a economia. Em março deste ano, parte dessa queda já havia sido revertida.

O governo também elevou de 11 por cento para 16,5 por cento a parcela de capital que os bancos devem reservar para fazer frente à maioria dos financiamentos concedidos às pessoas físicas com prazos mais longos.

O novo limite vale para financiamentos acima de 24 meses, ou acima de 36 meses no caso do consignado. Para o financiamento de veículos, o limite mais elevado dependerá do tamanho da parcela paga de entrada pelo consumidor para financiamentos até 60 meses. Acima desse prazo, o capital requerido fica mais elevado, independentemente da entrada.

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