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Meirelles e Skaf trocam elogios apesar de divergências

Durante gestão, presidente do BC defendia austeridade nos juros e a Fiesp pediu pela queda nas taxas em todas as situações

Paulo Skaf, presidente da Fiesp, reconheceu importância de Meirelles à frente do BC (Kenia Hernandes/VEJA São Paulo/VEJA)

Paulo Skaf, presidente da Fiesp, reconheceu importância de Meirelles à frente do BC (Kenia Hernandes/VEJA São Paulo/VEJA)

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Da Redação

Publicado em 29 de novembro de 2010 às 13h53.

São Paulo - Ao fim da participação do presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, no 9º Congresso Brasileiro da Construção - Construbusiness 2010, duas personalidades que estiveram em lados opostos sobre a condução da política monetária se abraçaram e trocaram elogios. Numa palestra para cerca de 400 pessoas, boa parte de empresários, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, quebrou o protocolo e foi ao microfone agradecer a Meirelles pela atuação junto à entidade.

De acordo com o líder empresarial, Meirelles compareceu à federação "uma centena de vezes". Durante a gestão no BC, Meirelles sempre defendeu uma política austera na condução dos juros, enquanto a Fiesp, por outro lado, esteve no polo oposto, intercedendo pela queda ostensiva das taxas em qualquer situação, mesmo quando a inflação ameaçava ficar bem alta. "O meu amigo Henrique Meirelles sempre esteve muito presente. Nosso presidente do BC sempre tentou fazer o melhor possível para o País", afirmou Skaf, ressaltando que merece todo o reconhecimento o "bom trabalho" no BC desde 2003, em nível nacional e internacional.

"Nós apenas temos uma diferençazinha que era a taxa de juros", afirmou o presidente da Fiesp, de braços dados com Meirelles, brincando. Skaf, depois, aplaudiu o presidente do BC, e foi acompanhado, imediatamente, pelos presentes, que homenagearam Meirelles. O público aclamou o presidente do BC de pé, por cerca de um minuto. Mostrando emoção de forma discreta, Meirelles agradeceu as palavras de Skaf e os aplausos da plateia e contou uma história. Ele disse que, certa vez, brincou com um amigo comum dele e de Skaf - um dirigente de uma companhia que cresce muito, com "sucesso extraordinário" - e que ouviu deste a seguinte frase, expressa em orações a Deus: "Graças ao Senhor, o Meirelles não fez aquilo que eu pedi."


Dever cumprido

O presidente do BC afirmou ainda que deixará o governo "com a sensação de dever cumprido", pois a atuação na instituição financeira nos últimos oito anos tinha como objetivo, de acordo com ele, zelar pela estabilidade macroeconômica. Segundo Meirelles, a estabilidade não é "um fim em si mesmo, mas fundamental" para dar condições de expansão, desenvolvimento e melhor distribuição de renda ao País.

"Deixo o cargo feliz, com a economia estável", disse o presidente do BC. Ele destacou ainda que está "satisfeito" por ter ajudado o Brasil na evolução econômica dos últimos anos. Meirelles também destacou que está contente e honrado por ter trabalhado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ter recebido "irrestrito" apoio durante a presidência do BC. O presidente do BC afirmou que está feliz pela escolha do diretor de Normas do banco, Alexandre Tombini, para ser seu sucessor.

Para Meirelles, Tombini era o seu candidato e o nome mais bem preparado ao exercício do cargo. O presidente do BC disse que desdobramentos econômicos e financeiros confirmaram, mais tarde, a decisão tomada em março de continuar na administração federal até dezembro, especialmente por causa das dificuldades registradas "por um banco médio", que estão "completamente sanadas".

Meirelles fez uma referência implícita ao Banco Panamericano. A instituição do empresário e comunicador Sílvio Santos recebeu um aporte de R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para cobrir operações qualificadas pelo BC como tendo "inconsistências contábeis".

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