(Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Vanessa Barbosa
Publicado em 22 de abril de 2018 às 09h34.
Última atualização em 22 de abril de 2018 às 09h36.
São Paulo - O medo de ter o nome associado a um escândalo de corrupção e o atual cenário de crise econômica devem fazer com que executivos e funcionários de grandes empresas evitem apoiar financeiramente um candidato. "Pelo que eu tenho conversado, os acionistas e executivos de grandes empresas não estão dispostos a participar desse processo", disse o presidente da Confederação Nacional de Indústrias (CNI), Robson Andrade.
Segundo ele, escândalos como a Operação Lava Jato farão com que muita gente deixe de contribuir. "O problema todo é que as pessoas físicas não querem participar de um financiamento de campanha que, no fundo, você não sabe direito de onde vêm todos os recursos."
A doação de empresas foi proibida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2015. As novas regras começaram a valer nas eleições municipais de 2016, mas esta será a primeira disputa presidencial com a restrição.
Segundo a advogada Sylvia Urquiza, especializada na área criminal e de compliance, a preocupação com as doações eleitorais de funcionários é uma prática antiga entre as multinacionais. Na maioria dos casos, regras de conduta interna costumam regular este tipo de assunto. Com as investigações da Lava Jato e o receio de ter seu nome associado a um candidato de conduta duvidosa, as companhias nacionais passaram a aprimorar seus sistemas de controle. "Entre as grandes empresas, porém, o número das que já se adequaram está aquém do que seria esperado" diz Silvia.
"As empresas estão aprendendo com a dor", completa Rodrigo Brandão Fontoura, diretor da Associação Brasileira de Integridade, Ética e Compliance, sobre o temor com um eventual contágio da Lava Jato. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.