Brasil

Médicos serão investigados por denunciar aborto

Em 2014, 33 mulheres foram presas por interromperem a gravidez no Brasil. Por ano, em média 1 milhão de abortos ilegais são realizados no país


	Médicos: das 12 mulheres detidas por abortarem em São Paulo, pelo menos sete foram presas por causa da quebra de sigilo médico
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Médicos: das 12 mulheres detidas por abortarem em São Paulo, pelo menos sete foram presas por causa da quebra de sigilo médico (Marcos Santos/USP Imagens)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de dezembro de 2014 às 08h30.

São Paulo - O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) vai abrir sindicância para apurar os casos em que médicos denunciaram mulheres por aborto. Na edição deste domingo, o jornal O Estado de S.Paulo revelou que 33 mulheres foram presas no Brasil em 2014 - por ano, em média 1 milhão de abortos ilegais são realizados no País. Em São Paulo, das 12 detentas pelo menos sete foram presas por causa da quebra de sigilo médico.

O presidente do Cremesp, João Ladislau Rosa, classificou as denúncias como "assustadoras" e se surpreendeu com a atitude de colegas da categoria. Rosa promete que vai averiguar os inquéritos policiais que tiveram a participação de médicos como autores ou testemunhas da denúncia. "Já providenciamos todos os documentos que comprovem a participação de médicos nesses casos apontados na reportagem. A nossa obrigação agora é entendermos o que de errado está acontecendo", afirmou.

Segundo o Código de Ética da Medicina, é vedado ao médico "revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão". O terceiro parágrafo do documento também afirma que, "na investigação de suspeita de crime, o médico estará impedido de revelar segredo que possa expor o paciente a processo penal".

"Todos os profissionais envolvidos serão convocados pelo Cremesp e, em 2015, vamos ouvi-los no conselho para dar explicações sobre a sua atuação", disse Rosa. Após os depoimentos, os membros da sindicância vão avaliar qual a punição. "Dentro do conselho, vamos definir caso a caso", disse.

A pena para esse tipo de conduta pode variar entre uma advertência pública até a suspensão por 30 dias ou a cassação do direito de exercer a função médica. A previsão é de que a sindicância dure pelo menos três meses. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Abortocidades-brasileirasMedicinaMetrópoles globaisPrisõesSão Paulo capital

Mais de Brasil

Giro do dia: morte de Pepe Mujica, CPI das Bets, JBS, INSS e investimentos da China

Governo Lula paralisa cessão da área da favela do Moinho em SP ao governo Tarcísio

Prefeito de Sorocaba (SP) vira réu por suspeita de superfaturamento na compra de lousas digitais

Tornado atinge município do RS, provoca danos em mais de 280 moradias e destrói rede elétrica