Brasil

Médico branco passa em cota do Itamaraty

Mathias de Souza Lima Abramovic passou na 1ª fase do concurso, mas pode ser desclassificado por declaração falsa na inscrição


	Palácio do Itamaraty: o concurso prevê que os dez afrodescendentes e os dez deficientes físicos com melhores notas poderão concorrer na fase seguinte
 (REUTERS/Gustavo Froner)

Palácio do Itamaraty: o concurso prevê que os dez afrodescendentes e os dez deficientes físicos com melhores notas poderão concorrer na fase seguinte (REUTERS/Gustavo Froner)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de setembro de 2013 às 09h58.

Brasília - Branco de olhos verdes, o médico Mathias de Souza Lima Abramovic foi aprovado dentro das cotas para afrodescendentes na primeira fase do concurso para a carreira diplomática no Instituto Rio Branco. No entanto, mesmo que consiga passar nas outras três fases do concurso, Abramovic pode ser enquadrado em um quesito que permite a desclassificação de pessoas que deram declarações falsas na inscrição.

O médico, que mora no Rio, se inscreveu no concurso do Itamaraty, um dos mais difíceis do governo federal, declarando-se afrodescendente. No entanto, suas fotos publicadas na internet revelam que tem pele clara e olhos verdes.

O concurso prevê que os dez afrodescendentes e os dez deficientes físicos com melhores notas, mas abaixo dos cem primeiros colocados, poderão concorrer na fase seguinte. O caso foi revelado pelo site do jornal O Globo. Nas redes sociais, Abramovic diz considerar-se negro. Em documentos aparece como pardo. Após a divulgação de sua aprovação, o médico desativou seu perfil no Facebook.

Regras

O edital do concurso, feito pelo Instituto Rio Branco (órgão que prepara os diplomatas) define que a condição para ser enquadrado como cotista é a autodeclaração. Não há previsão de análise pessoal ou de fotos. Também não diz que o candidato precisa ser negro ou pardo, apenas que é afrodescendente, ou seja, que tem antepassados negros, sem necessariamente ter traços raciais.

Ontem, o instituto simplesmente declarou que o edital prevê a autodeclaração e que não há bancas de verificação. O Itamaraty declarou que estudantes que se considerem prejudicados pela situação podem recorrer à Justiça.


Internamente, o Ministério das Relações Exteriores reconhece que pode haver um problema no caso de Abramovic e que, se o estudante for realmente aprovado, poderá ser analisada a hipótese de ser enquadrado em outro quesito do edital, que é o de dar informações falsas no momento da inscrição. No entanto, se conseguir provar que é descende de negros, o candidato pode questionar essa interpretação.

Prova

Também admite-se que para o concurso de 2014 o edital tenha de ser alterado para deixar mais claro que tipo de pessoa o Itamaraty quer que se enquadre no critério racial.

A ideia das cotas do Instituto Rio Branco é "mudar a cara da diplomacia", aumentando a participação de mais negros e pardos no serviço diplomático. Mesmo que seja afrodescendente, Abramovic dificilmente poderia se enquadrar nesse público que faz falta ao Itamaraty.

O médico classificou-se para a segunda fase do concurso com nota 47,50, quase dois pontos a menos do que o último entre os cem primeiros colocados. Ficou em quarto lugar entre os autodeclarados afrodescendentes. Agora, Abramovic tem de passar pelas provas de português e redação.

Se também for aprovado nessa etapa, entrará na terceira fase, de provas discursivas de História, Geografia, Política Internacional, Inglês, Economia e Direito Internacional. A quarta fase é apenas classificatória e inclui questões de francês e espanhol. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:DiplomaciaItamaratyMinistério das Relações ExterioresNegros

Mais de Brasil

Lula estava com Haddad no Alvorada durante explosões na Praça dos Três Poderes

Ibaneis está na Itália e tem volta a Brasília prevista para sexta, após duas explosões na cidade

Segurança cerca STF com grades após explosões na Praça dos Três Poderes