Simone Tebet. (Adriano Machado/Reuters)
Alessandra Azevedo
Publicado em 12 de janeiro de 2021 às 18h00.
Última atualização em 12 de janeiro de 2021 às 18h06.
A bancada do MDB no Senado decidiu, nesta terça-feira, 12, lançar a candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) à presidência da Casa. Embora em um cenário com menos brigas do que o visto na Câmara dos Deputados, a disputa também está no auge das movimentações, com partidos se unindo para decidir quem ficará na cadeira hoje ocupada por Davi Alcolumbre (DEM-AP) pelos próximos dois anos. A eleição está prevista para 1º de fevereiro.
A decisão pelo nome de Tebet, atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), foi tomada em reunião virtual, à tarde, por unanimidade. No mesmo evento, se uniram à legenda dois senadores: Veneziano Vital do Rêgo (PB), que saiu do PSB, e Rose de Freitas (ES), ex-Podemos, o que engrossa a base de apoio. Com isso, o MDB, maior bancada do Senado, tem agora 15 parlamentares.
A disputa interna estava entre Tebet e Eduardo Braga (MDB-AM), mas a senadora foi considerada o nome com maior capacidade de agregar votos de outras legendas. Pesou na decisão o fato de o PT, partido com seis senadores, ter fechado apoio a Rodrigo Pacheco (DEM-MG) nesta terça-feira. Os petistas eram avessos à candidatura de Tebet, mas simpatizavam com Braga.
Sem a decisão do MDB e com receio de Tebet ser a escolhida, a bancada optou por Pacheco. Foram descartados pelo MDB os senadores Fernando Bezerra (PE), líder do governo na casa, e Eduardo Gomes (GO), líder do governo no Congresso Nacional. Com o apoio de Bolsonaro também a Pacheco, nomes ligados diretamente ao governo perderam força.
Depois de ter perdido o apoio do PT, o MDB pretende atrair os sete senadores do PSDB. Os tucanos ainda não se decidiram quanto ao apoio, mas são simpáticos a Tebet. Uma possibilidade estudada pelo PSDB é criar uma aliança com Podemos (10 senadores), Cidadania (3) e PSL (2). Com esses 22 parlamentares, seria possível lançar candidatura própria ou se unir à do MDB.
Do outro lado, o nome que avança na campanha é o de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), opção que conta, ao mesmo tempo, com apoio de Alcolumbre, simpatia do presidente Jair Bolsonaro e aliança com o PT. O senador mineiro soma hoje 32 votos, se não houver dissidências. Para ser eleito, precisa do apoio de 41 dos 81 senadores; ou seja, metade do total mais um.
Até agora, Pacheco conseguiu o compromisso de sete bancadas: além do DEM, que tem cinco senadores, PSD (11), Pros (3), PT (6), PL (3), PSC (1) e Republicanos (3) — partido do senador Flávio Bolsonaro (RJ), filho do presidente —, estão com ele. O PL anunciou o apoio nesta terça-feira, 12, e o PT, na segunda-feira, 11. A expectativa do PT é conseguir o comando de alguma comissão de peso, caso Pacheco vença o pleito.
A bancada petista, em nota, afirma que a decisão de apoiar o senador do DEM, mesmo ele sendo o candidato preferido do Palácio do Planalto, foi baseada no compromisso dele com a independência do Legislativo e com uma agenda voltada para a superação da crise pela qual o Brasil passa. A legenda também assegurou que a aliança não se estende para "qualquer outro tipo de entendimento, muito menos às eleições presidenciais".
O PT apresentou uma lista cobrando oito compromissos de Pacheco. Entre eles, o de vacinação universal, de fortalecimento do SUS e de pautar iniciativas para manter o auxílio emergencial. O partido pede ainda medidas legislativas destinadas ao apoio à agricultura familiar, ações efetivas contra o racismo estrutural, a homofobia e a opressão das mulheres e ações para proteger populações originárias e quilombolas.
O fechamento de blocos a favor de candidatos não garante que todos os senadores votarão de acordo com o partido. A eleição para a Mesa Diretora é secreta, de forma que não há nenhum tipo de punição, caso os senadores decidam ir contra a decisão das bancadas. No Senado, no entanto, os acordos costumam ser mais respeitados do que na Câmara, com poucas "traições".