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Marina Silva diz que partidos não substituem o povo

Segundo Marina, seu mandato terá "a quantidade de anos que o povo brasileiro dá de acordo com a Constituição", ou quatro anos

Marina Silva: "Não podemos substituir 200 milhões de brasileiros por 35 partidos" (Adriano Machado/Reuters)

Marina Silva: "Não podemos substituir 200 milhões de brasileiros por 35 partidos" (Adriano Machado/Reuters)

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Reuters

Publicado em 4 de agosto de 2018 às 17h08.

Brasília - Aclamada candidata à Presidência pela terceira vez, desta vez pelo partido que criou em 2015, a Rede, Marina Silva defendeu neste sábado uma mudança geral na postura política e disse que os partidos não podem substituir o povo.

"Não podemos substituir 200 milhões de brasileiros por 35 partidos. Não insistam nessa fórmula. Foi ela que levou o Brasil para o fundo do poço. A mudança precisa primeiro acontecer na nossa postura política. É a má política que tem sabotado o futuro do Brasil", afirmou, revelando o compromisso com uma reforma política que acaba com a reeleição a partir de 2022, com mandatos de cinco anos.

Segundo Marina, seu mandato terá "a quantidade de anos que o povo brasileiro dá de acordo com a Constituição", ou quatro anos. "Nosso projeto de governo é de transição, não queremos um projeto de 20 anos. Foi aí que muita gente se perdeu", afirmou.

A candidata também se comprometeu com as reformas tributária e previdenciária, mas sem dar detalhes da proposta que irá apresentar em seu programa de governo. Disse ainda, que irá revisar as "atrocidades" da atual reforma trabalhista, reconhecendo que modernizações são necessárias.

"As reformas trabalhista, da previdência e tributária são necessárias. Vamos recuperar políticas sociais que foram perdidas. Temos compromisso com Bolsa Família, com Minha Casa Minha Vida. Mas temos compromisso também com o tripé da política econômica e a responsabilidade fiscal", afirmou.

A convenção em Brasília, em que também foi aprovada a coligação com o PV e apontado Eduardo Jorge como candidato a vice-presidente na chapa, teve dança, quando o vice tirou Marina para dançar, apresentações musicais e um pastor ligado à candidata, que abriu as falas defendendo a postura da candidata.

"Há esperança em um Estado laico, para quem não mistura Bíblia e Constituição", disse o pastor Levi Araújo, atacando uma das principais críticas enfrentadas por Marina, que é evangélica, a de que poderia misturar suas posturas pessoais com o governo.

Marina também tratou da questão em sua fala: "Não existe uma ação minha que atente contra o Estado laico, que atente contra os direitos das pessoas do meu país", garantiu.

Campanha difícil

A aliança com o PV aumentou o tempo de TV de Marina de 4 para 15 segundos. Ainda assim, a candidata tem um dos menores tempos de TV e apenas 10 milhões de reais de recursos públicos para a campanha.

Durante os discursos, o mestre de cerimônia, o ator Marcos Palmeira, lembrava da necessidade de doações para a candidata, e uma mesa onde era possível doar in loco foi montada na entrada da convenção. Marina foi uma das primeiras candidatas a apelar para o crowdfunding.

"Dizem que somos inviáveis porque não substituímos a corporação pelo centrão. Não trocamos a democracia da diversidade ampla por dinheiro, para ter marqueteiros mentirosos", disse em seu discurso.

"Estamos aqui pela terceira vez, talvez a mais difícil pela estrutura, mas confiando que a postura vai derrotar as estruturas. O povo brasileiro não vai ser substituído por centrões, de direta, de esquerda, de lado."

Na pesquisa CNI/Ibope de junho, Marina aparecia em segundo lugar no cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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