Marina Silva: pré-candidata da Rede à Presidência da República disse nesta quarta-feira que, se eleita, vai defender uma reforma tributária baseada em quatro diretrizes (Nacho Doce/Reuters)
Reuters
Publicado em 4 de julho de 2018 às 11h55.
Última atualização em 4 de julho de 2018 às 12h04.
Brasília - A pré-candidata da Rede à Presidência da República, Marina Silva, disse nesta quarta-feira que, se eleita, vai defender uma reforma tributária baseada em quatro diretrizes - a simplificação dos tributos, a justiça tributária, a impessoalidade e a promessa de que não vai aumentar impostos.
Em evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com presidenciáveis, a ex-ministra do Meio Ambiente ressaltou que não dá para fazer demagogia e dizer que, após a atual crise da economia, será possível reduzir os impostos.
Marina defendeu que a "tributação complexa" do país precisa ser simplificada para que a indústria volte a ter maior participação no Produto Interno Bruto (PIB) do país. Ela citou que o setor já representou 20 por cento do PIB e hoje tem um papel "muito aquém" do que já teve.
A presidenciável argumentou que é preciso dialogar a fim de se fazer uma agenda de investimento, inovação e de tecnologia no país.
Ela defendeu também uma nova modernização da legislação trabalhista no país. Para a ex-senadora, a reforma feita pelo governo do presidente Michel Temer conseguiu reduzir muito as disputas judiciais, o que é bom para empregadores e empregados, mas ainda há questões a serem aperfeiçoadas.
"Não acho que ela deva ser revogada, acho que deve ser revisitada para corrigir essas injustiças que já haviam sido reparadas com a medida provisória", disse ela, citando a MP editada por Temer que, posteriormente, perdeu a validade,
Entre os pontos a serem alterados dessa reforma, Marina destacou a possibilidade de mulheres grávidas trabalharem em locais insalubres e o período de descanso no trabalho.
A pré-candidato da Rede fez um duro diagnóstico em relação à situação do país. Ela avaliou que a operação Lava Jato mostrou a verdade e que não é possível se governar com o chamado presidencialismo de coalizão.
"Resolver o problema da grave crise política é um grande desafio e para isso é preciso que se crie uma nova governabilidade. O presidencialismo de coalizão não resolve os problemas de hoje", disse.Para Marina, é preciso a constituiçãode uma maioria no Congresso com base em um programa, nos moldes do que ocorreu na Itália e na Alemanha.
"Se ganhar, vou governar com os melhores. Não com os partidos. Os 200 milhões de brasileiros são maiores do que os 35 partidos", disse. "Essa vai ser a nova base, o fim do toma lá da cá, de forma transparente", completou.
A segunda colocada nas pesquisas de intenção de voto ao Palácio do Planalto, nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não foi aplaudida nenhuma vez durante sua apresentação.
A ex-ministra se mostrou preocupada com o processo de "politização" e "partidarização" das agências reguladoras.
Ela reconheceu que houve um grande avanço quando foi melhorada a qualidade das telecomunicações ao país, lembrando do tempo que havia filas para se comprar um telefone.
Mas ressaltou que é preciso haver um marco regulatório adequado para o setor e para a sociedade. "Nem sempre o atendimento está à altura da demanda da sociedade", afirmou.
Sem detalhar, a pré-candidata defendeu também uma reforma política e previdenciária.