Marina Silva: a ex-ministra encontra dificuldade até com legendas que estiveram em seu entorno nas campanhas de 2010 e 2014 (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 2 de maio de 2018 às 08h34.
Última atualização em 2 de maio de 2018 às 08h35.
São Paulo - As negociações da pré-candidata da Rede à Presidência, Marina Silva, para atrair partidos e, com isso, aumentar sua exposição no horário eleitoral, não prosperaram nos últimos meses.
A ex-ministra encontra dificuldade até com legendas que estiveram em seu entorno nas campanhas de 2010 e 2014 - em ambas ela ficou em terceiro lugar e obteve cerca de 20 milhões de votos.
Se concorrer sem coligações, Marina deve ter cerca de 1,5% do tempo de rádio e TV, o que dá cerca de 11 segundos em cada bloco de doze minutos e meio de propaganda.
Interlocutores de Marina chegaram a procurar representantes do PPS, PV, PHS e PRP, mas as conversas não progrediram. No partido, entretanto, a avaliação é de que o cenário ainda está embaralhado e sem definição sobre os nomes que se lançarão para a disputa em outubro.
Segundo o deputado Miro Teixeira, pré-candidato da Rede ao governo do Rio, ainda é cedo para se falar em alianças. "O tempo da política é outro. Ainda falta definir muita coisa", disse o deputado.
"A maioria dos partidos está mais preocupada em fazer deputados agora e discutindo coligações para não ficar amarrado com os recursos do fundo (eleitoral)."
No PV, partido pelo qual Marina se lançou em 2010 na esteira de sua atuação no Ministério do Meio Ambiente, há até nomes importantes que apoiam, individualmente, a pré-candidata da Rede.
O mais representativo deles é Eduardo Jorge, candidato à Presidência pela legenda, em 2014. No entanto, a cúpula da sigla considera "improvável" um apoio formal do PV à pré-candidata da Rede.
O presidente nacional do PV, José Luiz Penna, indicou que o partido deve apoiar Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato do PSDB. Penna foi secretário de Cultura do ex-governador tucano.
Um interlocutor da legenda lembrou ainda o mal-estar de oito anos atrás, quando a filiação de Marina fez a sigla criar uma "cláusula de consciência" para a então candidata abrir mão de pautas programáticas do partido, como legalização das drogas e o aborto.
Outro ex-aliado de Marina que deve apoiar Alckmin é o PPS. O presidente nacional da sigla, deputado Roberto Freire (SP), deu indícios de que será pouco provável uma aliança com a Rede e disse que deve apoiar o tucano.
"Conversas sempre temos, mas não do ponto de vista de candidatura. Ainda precisamos esperar o Congresso", afirmou. "Não há nada fechado, mas o maior indicativo é de que vamos apoiar Alckmin."
O PSB, partido ao qual Marina se filiou quando a Rede não conseguiu registro no Tribunal Superior Eleitoral e pelo qual concorreu à Presidência após a morte de Eduardo Campos, em 2014, deve lançar neste ano o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa.
Se confirmar o nome de Barbosa na disputa, o PSB ainda pode atrair o PRP, um dos apoiadores de Marina herdados da campanha de Campos.
O ex-ministro do STF pode atrair também o PHS, único ex-aliado de Marina que deixou aberta a possibilidade de aliança com a Rede nesta eleição presidencial.
Para o presidente da legenda, Laércio Benko, não seria "sobrenatural" apoiar Marina, já que o fizeram em 2014, mas disse que isso ainda está no campo da "possibilidade".
Benko declarou, porém, que a entrada de Barbosa na disputa, caso aconteça, "muda totalmente a configuração". "Resta ver se ele realmente participará da eleição".
Na sigla, há um certo ressentimento com Marina em relação à campanha eleitoral de 2014. A avaliação interna é de que o partido a apoiou, mas a recíproca foi pouca. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.