Marina Silva: adversários apontam que a candidata irá acabar com os atuais programas sociais do governo (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de setembro de 2014 às 14h38.
São Paulo - A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, se defendeu do que chamou de "marketing selvagem", praticado contra ela por seus adversários na disputa presidencial.
Em encontro com jovens empreendedores em São Paulo, Marina afirmou que está sendo combatida "a ferro e fogo" por já ter apresentado suas propostas, enquanto seus rivais ainda não o fizeram.
"Com certeza vocês já viram aí que eu vou acabar com o pré-sal, com o Minha Casa Minha Vida, com o Bolsa Família, com o Mais Médicos, que vou parar com a transposição do Rio São Francisco, parar com a Transnordestina... só se eu fosse a 'Exterminadora do Futuro'", disse, numa alusão a conhecido filme de ficção-científica.
"Mas o marketing selvagem faz isso e ainda produz um filmezinho. Vocês viram uma peça que a criança está lendo, e se eu ganhar, o livro fica em branco?", questionou em alusão a uma peça de propaganda da campanha da presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta a reeleição.
"Como que alguém que a educação fez um milagre na vida vai acabar com o Fies, o Pronatec, o Prouni?", acrescentou Marina, que teve a oportunidade de se alfabetizar e estudar apenas quando já era adolescente.
A ex-senadora também criticou Dilma sobre a atual administração da Petrobras, defendendo que a indicação de diretores da empresa seja feita "a partir de critérios de competência, de ética, por comitê de busca, valorizando os funcionários que são altamente competentes e relevantes".
"Se isso incomoda... a candidata presidente Dilma, que disse que vai manter do mesmo jeito, que no seu governo não haverá mudanças... continuarão (a fazer indicações) por critérios puramente políticos, com os resultados que o Brasil está vendo: a Petrobras, uma empresa respeitada, eficiente, competente, ameaçando --isso sim-- a exploração do pré-sal e os recursos para a Saúde e para a Educação", declarou.
Marina também apontou que o atual governo provocou "distorção" nos objetivos originais do BNDES, já que alguns procedimentos que foram adotados quando do aprofundamento da crise internacional no final de 2008, não foram mais abandonados.
"Naquele momento de crise, se justificavam determinados procedimentos, que foram repetidos mesmo quando a crise já dava sinais de que era necessário voltar aos objetivos iniciais, isso foi criando uma distorção", disse.
"Mas a mais nefasta de todas as políticas que hoje precisam ser reparadas é o volume de dinheiro que foi destinado, sem que o contribuinte saiba quais os critérios, sem que isso tenha passado por um debate dentro do Congresso,... para meia dúzia de empresas que foram escolhidas pelo Estado".
A candidata também se comprometeu a apresentar uma proposta para a Reforma Tributária em seu primeiro mês de governo, acrescentando, porém, que ainda estão sendo feitas discussões sobre o assunto.
"Nossa determinação é orientada por aquilo que eu tenho repetido sempre, o princípio da justiça tributária, da simplificação e da transparência, ao mesmo tempo em que queremos fazer uma reforma tributária de forma fatiada para evitar que ela seja boicotada pelos agentes do próprio pacto federativo", explicou, admitindo que "não é uma equação fácil".
"Se fosse fácil fazer reformas, o sociólogo teria feito a reforma política, e o operário teria feito a reforma trabalhista. Eu prefiro ter humildade e continuar o debate exatamente para evitar as distorções que estão sendo feitas."