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Marina anuncia pré-candidatura à Presidência

A ex-ministra disse que, em 2014, boicotaram registro da Rede e ela teve que ir para uma candidatura de última hora

Em um discurso parecido com o das campanhas anteriores, Marina não citou nominalmente nenhum de seus pré-adversários (Elza Fiuza/Agência Brasil)

Em um discurso parecido com o das campanhas anteriores, Marina não citou nominalmente nenhum de seus pré-adversários (Elza Fiuza/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de dezembro de 2017 às 17h22.

Brasília - A ex-ministra e porta-voz da Rede, Marina Silva, anunciou neste sábado, 2, que será pela terceira vez candidata à presidência da República. A declaração é feita em meio às movimentações de alguns deputados do partido para deixar a legenda, que pode acabar perdendo metade de sua atual bancada na Câmara, de quatro deputados.

Na reunião chamada Elo Nacional da Rede, em Brasília, representantes do partido nos Estados entregaram a Marina os resultados das conferências estaduais que aconteceram nos últimos dois finais de semana que pediam que ela colocasse seu nome como pré-candidata da legenda. "Obviamente que não estaríamos aqui para dizer um não. O compromisso, o senso de responsabilidade, sem querer ser a dona da verdade, me convoca para este momento", disse Marina.

Em um discurso parecido com o das campanhas anteriores, Marina não citou nominalmente nenhum de seus pré-adversários, mas criticou indiretamente Jair Bolsonaro por prometer distribuir fuzis para fazendeiros enfrentarem o MST.

A agora pré-candidata da Rede fez críticas também ao governo do presidente Michel Temer. Disse que a recuperação econômica ainda é lenta e que o País precisa de outras reformas que não as que o governo está propondo. "Um governo com 3% de aprovação não tem como construir reformas importantes, até porque as reformas importantes não são essas", declarou.

Segundo ela, o País vive uma crise política, ética e uma crise econômica que só agora dá sinais de pequena recuperação. "Temos diminuição da inflação, mas, se não tivermos processo duradouro, não tem como se sustentar. O déficit publico só aumentou no governo do Temer."

A ex-ministra disse que, em 2014, boicotaram registro da Rede e ela teve que ir para uma candidatura de última hora. Lembrou uma conversa que teve com o ex-governador Eduardo Campos, que faleceu num acidente de avião durante a campanha e com isso ela se tornou candidata, sobre a presidente Dilma Rousseff, que acabou sendo reeleita. "Disse a ele que teria sido um grande presente para Dilma se a gente tivesse ganhado a eleição de 2014", afirmou a pré-candidata, que durante o processo de impeachment foi criticada por sua postura dúbia e pouco assertiva.

Segundo ela, a crise política foi causada por PT, PSDB e PMDB e que agora o eleitor deveria puni-los nas urnas. "O melhor presente que a sociedade (deve dar) para os partidos que criaram essa crise é um sabático de quatro anos."

A ex-senadora fez críticas também ao sistema político, disse que o partido terá apenas 0,05% do fundo eleitoral pois esses partidos maiores "privatizaram" os meios políticos para se manterem no poder. "Teremos 12 segundos de televisão", afirmou. Ela repetiu o discurso usado nas eleições anteriores de que essa fraqueza aparente, que também é atribuída a ela, na verdade é força. "Esse não é o momento para salvadores da pátria, a pátria é uma construção de todos nós", destacou. "As coisas grandiosas não são feitas por um único partido, de uma pessoa", afirmou, ressaltando que está vivendo a dor e a delicia "de ser quem somos".

Marina falou que "as dificuldades servem para exercitar a musculatura da persistência" e reconheceu que "vai ser difícil". "Eu sei que vai ser campanha ralada, mas uma campanha ralada doí bem menos que um país partido", afirmou, recitando trechos da música "Era uma vez", da cantora Kell Smith.

Marina disse que sua motivação não é o poder pelo poder e que a política é um serviço. Citando a polarização na política, Marina disse que vai repetir a estratégia de não agressão durante as campanhas, porque o País está criando uma cultura política do ódio e "isso não é bom para a democracia". "Ao me dispor a ser pré-candidata da Rede, vamos continuar dialogando com outros partidos e com a sociedade", afirmou.

Saudado como "futuro governador do Rio de Janeiro", o deputado Miro Teixeira (RJ) disse em seu discurso que precedeu a fala de Marina que o partido não quer desacatar a lei e antecipar candidatura, mas que o que a Rede quer é o consentimento da ex-ministra para que seu nome seja o nome do partido. "Em algum momento, essa assinatura terá que ser feita e hoje a assinatura da Marina é a palavra e a palavra 'sim'".

Apesar do anúncio, o partido informa que a candidatura ainda precisa ser aprovada no Congresso Nacional da Rede, previsto para acontecer em abril do ano que vem, e a definição de chapa e coligação acontecerá no começo de agosto, conforme prevê a legislação eleitoral.

A dinâmica do evento promovido pela Rede neste sábado visou, externamente, dar força ao anúncio da pré-candidatura ao mesmo tempo em que sinaliza internamente que Marina está fundamentada no apoio de seus correligionários. Com isso, a ex-ministra tenta dirimir a principal crítica interna da qual é alvo: a de que é centralizadora das decisões da legenda.

Nas últimas duas eleições Marina ficou em terceiro lugar. Em 2010, obteve cerca de 19 milhões de votos e em 2014 conseguiu conquistar um pouco mais de 22 milhões de eleitores.

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