Brasil

Marco Aurélio manda ao STJ ação de importadora por subsídio de diesel

O objetivo, de acordo com a empresa, é igualar as condições de concorrência das importadoras com a Petrobras.

Caminhoneiros: Os sucessivos aumentos do diesel desde o ano passado foram o motivo da paralisação dos caminhoneiros por 11 dias (Ueslei Marcelino/Reuters)

Caminhoneiros: Os sucessivos aumentos do diesel desde o ano passado foram o motivo da paralisação dos caminhoneiros por 11 dias (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de junho de 2018 às 22h18.

Última atualização em 6 de junho de 2018 às 22h19.

Brasília - O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu encaminhar nesta quarta-feira, 6, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) uma ação da Brasil China Importadora e Distribuidora, que solicita a concessão de liminar (decisão provisória) para garantir subsídio de R$ 0,30 por litro de óleo diesel comercializado a partir do dia 30 de maio. O objetivo, de acordo com a empresa, é igualar as condições de concorrência das importadoras com a Petrobras.

A importadora requer ainda que, caso não seja possível aplicar o subsídio, seja afastado o da Petrobras, "impedindo-a de obter compensação do governo federal por vender abaixo do preço de mercado". A empresa concorre diretamente com a estatal na venda de combustíveis no País.

A empresa entrou com um mandado de segurança no STF, mas o ministro Marco Aurélio Mello acabou declinando competência e encaminhando o caso ao STJ.

Em sua decisão, Marco Aurélio apontou que cabe ao STF analisar mandados de segurança que questionam atos dos seguintes cargos e instituições: presidente da República, mesa do Senado ou da Câmara, procurador-geral da República, Tribunal de Contas da União (TCU) e o próprio Supremo.

"Desse rol não faz parte Ministro de Estado, cujos atos, a teor do artigo 105, inciso I, alínea "b", da Lei Maior, devem ser impugnados mediante ação mandamental a ser processada e julgada, originariamente, pelo Superior Tribunal de Justiça. Ante o quadro, declino da competência para o mencionado Tribunal", determinou Marco Aurélio Mello.

A ação da importadora, que aponta supostas ilegalidades relativas à política de preços da Petrobras, tem como alvos os ministros da Fazenda, Eduardo Guardia, e de Minas e Energia, Moreira Franco.

Aumentos

Os sucessivos aumentos do diesel desde o ano passado foram o motivo da paralisação dos caminhoneiros por 11 dias, o que gerou desabastecimento de mercadorias, alimentos e energia. Após três dias do início da paralisação a Petrobrás anunciou uma redução de 10% nos preços do óleo diesel na refinaria e um congelamento desses preços por 15 dias.

Numa tentativa de evitar que a greve dos caminhoneiros entrasse em sua segunda semana, o governo cedeu ainda mais às reivindicações dos motoristas e aumentou o subsídio ao preço do diesel, em uma conta que alcança R$ 13,5 bilhões aos cofres públicos.

Em pronunciamento na TV, o presidente Michel Temer anunciou a redução de R$ 0,46 no preço do litro do diesel por 60 dias - valor próximo do pedido que citava valores entre R$ 0,40 e R$ 0,60. De acordo com o presidente, a partir daí, o diesel terá apenas reajustes mensais, decisão que visa a dar "previsibilidade" aos motoristas.

"É evidente que referido desconto foi concedido à revelia da Diretoria da Petrobras, através de manifesta ingerência política do governo federal, acionista majoritário, na política interna da estatal", diz a empresa.

Na avaliação da importadora, o subsídio "foi disfarçadamente concedido de forma a beneficiar apenas a Petrobras", o que colocou outras importadoras "em franca desvantagem, sendo, portanto, ilegal e inconstitucional".

"A impetrante, portanto, vem sendo forçada a competir com empresa estatal que goza de subsídio exclusivo pago pelos cofres públicos e que não lhe é igualmente aplicável, em clara violação à ordem econômica, tudo em decorrência de ato coator praticado pelos impetrados."

A importadora contesta ainda que a estatal será integralmente ressarcida, o que criará "uma condição de concorrência muito mais favorável à estatal". A empresa também critica o fato de que a Petrobras irá praticar preço abaixo do mercado "e mesmo assim o governo federal irá bancar suas perdas, impedindo seus prejuízos".

"Ao conceder a subvenção econômica ao óleo diesel, o governo federal, que poderia colocar a Petrobras e os importadores de combustíveis em um mesmo patamar, acabou por ampliar a condição de vantagem da Petrobras, colocando os importadores em situação bastante prejudicial, já que a subvenção, até o dia 07 de junho, será dada apenas à Petrobrás."

A reportagem entrou em contato com a Petrobras e com a Advocacia-Geral da União (AGU), mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

Acompanhe tudo sobre:CaminhoneirosCombustíveisJustiçaÓleo dieselSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas