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Marcelo Odebrecht diz que apoiou Keiko, García, Toledo e Humala

"A nossa intenção era a de apoiar. Muitos candidatos de oposição, inclusive sabendo que não iam ser escolhidos", disse o empresário

Marcelo Odebrecht: "com certeza apoiamos todos" (Rodolfo Burher/Reuters)

Marcelo Odebrecht: "com certeza apoiamos todos" (Rodolfo Burher/Reuters)

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EFE

Publicado em 30 de dezembro de 2017 às 10h05.

Lima, 30 dez (EFE).- O empresário Marcelo Odebrecht disse em novembro a uma equipe de promotores do Peru que tinha certeza que sua empresa apoiou políticos do país como Keiko Fujimori e os ex-presidentes Alan García, Alejandro Toledo e Ollanta Humala.

"Com certeza apoiamos todos. Toledo, Alan García, Humala, Keiko", afirmou Odebrecht no encontro realizado no dia 9 de novembro em Curitiba, segundo revelou neste sábado o portal de investigação jornalística "IDL-Reporteros", que publicou pela primeira vez o áudio e a transcrição da declaração.

"A nossa intenção era a de apoiar. Muitos candidatos de oposição, inclusive sabendo que não iam ser escolhidos, eram apoiados de alguma maneira. Porque a oposição também pode criar problemas. Uma maneira de criar uma rede é apoiar", disse Marcelo.

Segundo a transcrição, o empresário disse que o atual presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, "foi contratado como consultor econômico de algumas consultorias, depois de ser ministro e antes de ser candidato".

O empresário afirmou que pessoalmente assistiu à duas palestras de consultoria econômica de Kuczynski a diretores da sua empresa.

"Imagino que as palestras não tenham sido dadas de graça e que a consultoria também não tenha sido feita de graça. Eu soube da consultoria e soube da palestra. Ninguém me disse: contratei portanto. Por isso é preciso ter cuidado", destacou Marcelo.

Kuczynski enfrentou na semana passada um pedido de cassação do seu cargo apresentado por um setor da oposição no Congresso, após ser revelado que uma empresa sua tinha dado consultorias à Odebrecht entre 2004 e 2007, um período no qual foi ministro do governo de Toledo (2001-2006).

Ao se referir- à líder opositora Keiko Fujimori, Marcelo reafirmou que disse a seu então representante no Peru, Jorge Barata, "que apoie mais Keiko para fazer o mesmo processo da Venezuela".

"E dei o da Venezuela (como exemplo), porque nós fazíamos isso na Venezuela. A maneira de evitar a oposição, era justamente atender às suas necessidades em campanha. Então foi esse tipo de conversa", avaliou o empresário.

Keiko rejeitou nos últimos meses ter recebido financiamento de Marcelo, depois que se revelou que existia uma anotação do empresário que dizia "Aumentar Keiko 500".

Marcelo Odebrecht também disse na sua declaração que nunca chegou a se encontrar com a então candidata e, embora tenha dito que Barata tem a informação sobre se entregou o financiamento, considerou que "é quase certo que houve uma contribuição para sua campanha e para o partido", e que sua anotação se referia "com segurança" a US$ 500.000.

Sobre Alan García, Marcelo assegurou na sua declaração que nas reuniões que tinham ele "sempre dizia que Barata também o apoiava e agradecia".

"Dava a atender que o estávamos apoiando, e com segurança havia um apoio à campanha. Não sei se diretamente para sua campanha, à campanha dos deputados ou ao seu partido", destacou o empresário.

Marcelo acrescentou que "as ilicitudes, onde houve e se houve, quem vai poder dizer isso é Jorge (Barata)" e negou ser amigo de García, embora tenha acrescentado que tinham "uma relação de confiança, porque o ex-presidente tinha uma estreita relação com a sua família."

"Alan García conheceu meu avô no primeiro mandato (1985-1990), depois meu pai e depois a mim", disse.

García afirma que ele não participou de nenhum ato de corrupção e exige que se responsabilize diretamente funcionários do seu governo que sim receberam subornos para a concessão das obras do Metrô de Lima.

No Peru, o caso Odebrecht segue o rastro dos milionários subornos que a companhia admitiu à Justiça americana ter pagado a funcionários em troca de vencer contratos para grandes obras entre 2005 e 2014, período que abrange os mandatos presidenciais de Toledo, García e Humala, o único que atualmente está detido, enquanto é investigado por estas denúncias. EFE

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