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Manutenção da Selic foi decisão política, diz presidente do IBEF

Especialistas esperam novo ciclo de aperto monetário para o começo de 2011

Fim de mandato e sucessão pesaram na decisão de Meirelles, segundo Machado de Barros (Antônio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

Fim de mandato e sucessão pesaram na decisão de Meirelles, segundo Machado de Barros (Antônio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2010 às 20h21.

São Paulo - Para o presidente do Instituto Brasileiro dos Executivos de Fianças de São Paulo (IBEF-SP), Walter Machado de Barros, a manutenção da taxa Selic foi uma decisão política de Henrique Meirelles. "Tinha espaço para aumentar os juros desde já. A taxa foi mantida porque é fim de mandato, transição de presidente do Banco Central", afirma.

O executivo explica que, embora o Banco Central já tenha começado a se movimentar para conter a expansão do crédito, elevando a alíquota do depósito compulsório, a pressão inflacionária deve continuar forte. No fim do ano, por exemplo, quando o consumo aumenta impulsionado pelo pagamento do 13º salário, a tendência é de alta dos preços.

Segundo Celso Cardoso, professor da escola de investidores Trader Brasil, era necessário haver uma medida pontual para conter a demanda. De acordo com ele, o aumento do compulsório foi uma "medida cautelar" que não abre espaço para uma queda dos juros. "A inflação excedeu a meta do governo, e a questão para o ano que vem é grave e complexa" diz.

Aperto monetário e renovação fiscal

A expectativa dos especialistas para a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em 2011 é de retorno do aperto monetário. Walter Machado de Barros, do IBEF-SP, diz que a primeira decisão de Alexandre Tombini, substituto de Meirelles na presidência do BC, será de elevar a Selic. "Sabemos que ela vai subir, mas ainda não conseguimos prever com que intensidade. Mas é certo que o BC vai precisar complementar as medidas já tomadas."

Mesmo que o aumento da Selic ocorra na primeira reunião do Copom em janeiro de 2011, ainda faltará um importante ingrediente no combate à inflação, na opinião de Celso Cardoso. Obrigatoriamente o governo terá que tocar na questão dos ajustes fiscais, focando na redução dos gastos. "Mas só cortar não basta. Tem que melhorar a qualidade dos gastos. O choque tem que ser na quantidade e na qualidade", conclui.

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