O ministro Guido Mantega quer discutir novo sistema monetário internacional (Marcello Casal Jr/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 11 de novembro de 2010 às 08h47.
Seul - A política de agressiva expansão monetária dos Estados Unidos colocou em xeque o uso do dólar como reserva internacional de valor e gerou a necessidade de um novo sistema monetário internacional, disse ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
“Na medida em que os Estados Unidos insistem em fazer uma política olhando só para o próprio interesse e não se comportam como um Estado que tem a responsabilidade pela coordenação financeira internacional, eles abrem espaço para que façamos uma mudança do sistema financeiro e coloquemos novas moedas”, declarou o ministro, em um contundente ataque aos norte-americanos na véspera da reunião de líderes do G-20, que ocorre hoje e amanhã em Seul, Coreia do Sul.
Mantega defendeu que outras moedas desempenhem o papel reservado hoje quase exclusivamente ao dólar e aumentem a participação no comércio e nas transações internacionais. A proposta do ministro prevê a utilização dos Direitos Especiais de Saque (DES) do Fundo Monetário Internacional (FMI) como a moeda internacional que poderia substituir o dólar na condição de reserva de valor.
Atualmente, os DES têm como referência uma cesta de moedas formada por dólar, euro, iene e libra, que deveria ser ampliada para incluir o real e o yuan, de acordo com o ministro brasileiro. Os DES são uma espécie de moeda contábil do FMI e dão aos países membros da instituição o direito de sacar reservas em moeda estrangeira em momentos de necessidade.
A eventual mudança - que não está no horizonte - implicaria na alteração do papel do FMI, que passaria a ser “uma espécie de banco mundial emissor de DES”, ressaltou Mantega. Em 2009, a China apresentou uma proposta semelhante, ao defender o fim do uso do dólar como moeda de reserva internacional e a substituição pelos DES. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.