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Mantega negava aumento aos preços de combustíveis, diz Costa

Ex-diretor afirmou que Conselho de Administração da Petrobras não permita que houvesse reajuste de preços de combustíveis


	Paulo Roberto Costa disse ainda que a "gênese" da corrupção na Petrobras não foi na companhia e sim em Brasília
 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Paulo Roberto Costa disse ainda que a "gênese" da corrupção na Petrobras não foi na companhia e sim em Brasília (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2015 às 18h48.

Brasília - O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, disse que o Conselho de Administração da Petrobras não permitiu que houvesse reajuste de preços de combustíveis. A política de preços, em sua avaliação, foi responsável pelos prejuízos atuais da empresa.

Costa relatou à CPI da Petrobras que na época em que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega presidiu o Conselho de Administração, o petista não permitiu que reajustes fossem feitos.

O ex-diretor contou que houve um momento em que a defasagem de preços superou 20% e que ele, com o apoio do ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli, sugeriram o aumento escalonado, mas Mantega barrou. "A resposta negativa vinha do presidente do Conselho", disse.

Sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, Costa evitou imputar culpa diretamente à presidente Dilma Rousseff, que na época presidia o colegiado. "A responsabilidade (pelo negócio) não é só da presidente do Conselho, é de todos os conselheiros. O Conselho foi responsável", respondeu. Ele ressaltou que, no período, a compra "não era um mal negócio".

Costa disse aos parlamentares que a Operação Lava Jato foi "algo deplorável" e que ele e sua família estão pagando por isso. Disse ainda que se arrepende "amargamente" de ter participado do esquema de corrupção. "Não tenho motivo para sorrir", afirmou em resposta ao deputado André Moura (PSC-SE), que questionou seu "sorriso no rosto".

Ele admitiu que havia interesses partidários para que o esquema de corrupção na companhia prosseguisse.

Paulo Roberto Costa disse ainda que a "gênese" da corrupção na Petrobras não foi na companhia e sim em Brasília.

"Isso aconteceu por atitude de maus políticos", disse. "A Petrobras não inventou cartel e nem empresas que pagassem a políticos. A gênese do processo é aqui em Brasília".

Costa citou nomes de políticos do PP, PT e PMDB já mencionados em sua delação premiada, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), os senadores Romero Jucá (PMDB-RR), Ciro Nogueira (PP-PI), Edison Lobão (PMDB-MA), Humberto Costa (PT-PE) e Lindbergh Faria (PT-RJ) e os deputados Anibal Gomes (PMDB-CE) e Mário Negromonte (PP-BA).

Ao comentar o balanço divulgado recentemente pela Petrobras, Costa disse que o maior problema da empresa hoje é de gestão. Ele avaliou que a política de preços dos combustíveis adotada pela estatal "arrebentou" a companhia que, por isso, vive um momento de grave crise financeira. "O governo manteve os preços congelados e arrebentou com a empresa", concluiu.

O ex-diretor afirmou à CPI que a corrupção foi responsável por 10% do "rombo" da estatal. "A Lava Jato é uma coisa repugnável, que não deveria ter acontecido? Sim. Mas o maior problema é a defasagem dos preços de derivados que o governo segurou", afirmou.

Ele disse que a estatal foi obrigada ir a bancos pedir empréstimos para fazer seus investimentos, por isso se tornou uma das empresas mais endividadas do mundo. "Essa política de preços não foi adequada. A Petrobras perdeu esse dinheiro", afirmou.

Costa disse não temer por ter participado da delação premiada e que não tem "mais nada para falar".

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