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Mantega: alta do juro na China causará desaceleração

O ministro da Fazenda afirmou que desaceleração já era esperada

Guido Mantega, ministro da Fazenda, comenta sobre a alta dos juros na China (AGÊNCIA BRASIL)

Guido Mantega, ministro da Fazenda, comenta sobre a alta dos juros na China (AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 28 de dezembro de 2010 às 11h28.

Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje que o aumento dos juros chineses deve resultar em uma desaceleração da economia mundial em 2011, devido ao peso da China na recuperação do mercado global. Segundo o ministro, no entanto, essa desaceleração já era esperada devido "ao refluxo das medidas de estímulo tomadas durante a crise e que agora estão sendo retiradas". Os comentários foram feitos na portaria do Ministério da Fazenda, em Brasília.

Para ele, por conta disso, o crescimento brasileiro também será afetado. "Quando a China coloca o pé no freio, afeta os outros países, uma vez que os emergentes agora têm peso maior", disse. De acordo com o ministro, o aumento dos juros determinado pelo governo chinês tem o objetivo de conter a inflação no gigante asiático.

Um dos motivos das pressões inflacionárias foi a política anticíclica, adotada pelo governo da China durante a crise, de concessão de crédito, que injetou US$ 1,2 trilhão no mercado. "Talvez tenha sido um pouco exagerado e acabou resultando numa bolha imobiliária", disse Mantega.

Além disso, conforme o ministro, a China seria muito sensível ao aumento dos preços das commodities alimentícias. "Quanto menor é a renda da população, maior é o peso do custo dos alimentos na inflação", concluiu.

Superávit primário

O ministro Guido Mantega admitiu pela primeira vez a possibilidade de não cumprimento da meta cheia de superávit primário das contas do setor público em 2010, de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB). "Estamos trabalhando para o governo (central) cumprir a meta cheia, mas há algumas dificuldades para Estados e municípios. A União vai cumprir os 2 25%, mas não sei se serão atingidos os 3,1%", afirmou hoje, na portaria do Ministério da Fazenda.

O superávit primário representa a economia feita para o pagamento dos juros da dívida pública. O ministro revelou que, pelos resultados de novembro, que serão divulgados hoje à tarde pelo Tesouro Nacional e amanhã pelo Banco Central (BC), a meta cheia não deve ser alcançada. Mantega também disse que não pode se responsabilizar pelo desempenho fiscal de Estados e municípios. Porém, o ministro acrescentou que o aquecimento da economia em dezembro, com o forte crescimento das vendas no Natal, pode ajudar nas receitas dos demais entes federativos.

Mantega também respondeu, após ter sido questionado por jornalistas, sobre uma aposta feita há duas semanas, em São Paulo, com um repórter da Agência Estado, quando garantiu que a meta cheia de superávit primário seria cumprida. Referindo-se à aposta, Mantega disse que em 2011 a meta será cumprida.

Salário mínimo

Mantega disse que, apesar de ainda haver possibilidade de negociação sobre o reajuste do salário mínimo em 2011, se depender dele o novo mínimo será mesmo de R$ 540. O ministro afirmou ainda que esse valor foi o acertado dentro do governo como o melhor para ajudar a manter os gastos e, principalmente, evitar um rombo nas contas da Previdência.

A despeito dos boatos que circulam na Esplanada dos Ministérios, o ministro descartou ainda mudar a presidência do Banco do Brasil (BB). "Aldemir Bendine está firme e sólido no cargo", disse. Segundo ele, não deve ocorrer por hora qualquer anúncio sobre mudanças nas presidências dos bancos públicos. "Ainda não estamos tratando dessa questão", afirmo

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