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Manifesto do PT pede ajuda da esquerda para "sair da crise"

A corrente Construindo um Novo Brasil convoca partidos de esquerda, movimentos sociais e intelectuais a contribuírem com programa "para sair da crise"


	Apoiadores de Dilma Rousseff (PT): corrente afirma que o PT precisa se "reinventar" e defende mudanças no ajuste fiscal proposto por Dilma
 (REUTERS/Pilar Olivares)

Apoiadores de Dilma Rousseff (PT): corrente afirma que o PT precisa se "reinventar" e defende mudanças no ajuste fiscal proposto por Dilma (REUTERS/Pilar Olivares)

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Da Redação

Publicado em 2 de abril de 2015 às 00h05.

Brasília - Em documento intitulado "Manifesto", a corrente Construindo um Novo Brasil, majoritária no PT, convoca os partidos de esquerda, os movimentos sociais e os intelectuais a contribuírem com um "programa emergencial para sair da crise".

Ao fazer um mea-culpa por muitas das turbulências do atual cenário político, a tendência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirma que o PT precisa se "reinventar" e defende mudanças no ajuste fiscal proposto por Dilma Rousseff.

"Não se pode fazer da necessidade de sanear a situação fiscal a ocasião para a apologia de uma política econômica conservadora, cujas consequências bem conhecemos", diz um trecho do documento.

O manifesto será debatido no 5.º Congresso do PT, que vai discutir os rumos do partido e do governo Dilma entre os dias 11 a 13 de junho, em Salvador. Após os escândalos de corrupção que abalaram a imagem do PT, os petistas admitem que o partido ficou "prisioneiro" do "presidencialismo de coalizão", passa por uma "crise de identidade" e necessita mudar.

A ser apresentado como "tese" da CNB e de outras correntes que apoiaram Rui Falcão para o comando do PT, o documento critica as medidas que reduzem os direitos trabalhistas, como o seguro desemprego e o abono salarial.

"O governo está pressionado pela necessidade de uma solução de curto prazo para seus problemas fiscais. Os meios econômicos e financeiros internacionais querem que o "ajuste" seja o ponto de inflexão de nossa política econômica em direção ao conservadorismo. (...) Esse movimento não se pode fazer confrontando os trabalhadores", insiste a tese.

O texto foi escrito por Falcão e pelo assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia. Ao convocarem as "esquerdas" e os "democratas" para a construção de um programa de emergência, os grupos que detêm a hegemonia do PT pregam a formação de uma frente para impedir "o avanço da direita" e dizem que o partido precisa "voltar às ruas".

O manifesto não menciona como deveria ser o programa, mas diz que "um fator de enorme convergência de todos esses setores é, sem dúvida, a figura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a maior liderança popular das últimas décadas da história brasileira".

Dilma e Vaccari

Com um tom bem mais ácido, o documento produzido pela corrente Mensagem ao Partido, grupo do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirma que o segundo mandato de Dilma começou com "uma clara inflexão conservadora na gestão macroeconômica, contraditória com o programa eleito".

Redigido pelo ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, o texto "Mudar Mais: por um ciclo de mudanças democráticas no País" diz que os maiores erros, nos últimos anos, foram cometidos pelo Banco Central, define a taxa básica de juros (Selic) como "escandalosa" e cobra a rejeição das tentativas de desmontar a política de desenvolvimento.

"É preciso superar esse impasse ou o segundo governo Dilma trabalhará, na melhor das hipóteses, com um cenário de baixo crescimento e eventual crescimento do desemprego (...), em um contexto de ajuste fiscal vicioso", destaca o documento da Mensagem ao Partido.

Mesmo sem citar o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, o grupo de Cardozo e Tarso deixou claro que defende o afastamento do dirigente. Vaccari se tornou réu numa ação penal da Operação Lava Jato, acusado de participar do esquema de desvio de dinheiro na Petrobrás. Ele responde a processo por corrupção e lavagem de dinheiro e nega as denúncias.

"(...) Combateremos sem trégua a corrupção, a conciliação com a corrupção e a convivência com a corrupção. Além disso, filiados com função dirigente na condição de réu ou sob inquérito criminal em processos de apuração de corrupção devem ser afastados preventivamente, garantindo direito de defesa, enquanto perdurar esses processos", diz o texto.

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