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Manifestantes voltam às ruas das principais capitais do País

Protestos atingem outras capitais e estão sob o olhar atento de autoridades após os incidentes violentos, especialmente na cidade de São Paulo

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2013 às 19h05.

São Paulo - Dezenas de milhares de manifestantes ocuparam avenidas das principais cidades do país nesta segunda-feira, dando continuidade à onda de protestos iniciada há cerca de duas semanas e que teve como estopim a elevação das tarifas de transporte público em diversas cidades do país.

Os protestos ganharam força principalmente depois de quinta-feira, quando a manifestação em São Paulo tornou-se violenta com confrontos entre policiais e manifestantes e denúncias de abusos que teriam sido cometidos pela Polícia Militar.

Na capital paulista, a concentração dos manifestantes ocorreu no Largo da Batata, zona oeste do município. Vias próximas ao local, como a Marginal Pinheiros e as avenidas Faria Lima e Rebouças, começavam a sofrer reflexos da manifestação.

"Estamos aqui por causa da insatisfação com a corrupção e o mau uso do dinheiro público. Isso é uma revolta que devia ter acontecido há muito tempo", disse um manifestante que se identificou apenas como Gustavo, de 34 anos, que estava enrolado em uma bandeira do Brasil.

"Isso é só o começo. Os protestos vão continuar até a Copa e, se não aceitarem nossas demandas, eles vão se intensificar", disse o bancário Rafael, de 23 anos, que também não quis dizer seu sobrenome.

"O preço da passagem foi a gota que fez o copo transbordar." Somente em Belo Horizonte, segundo estimativa da Polícia Militar mineira, cerca de 20 mil pessoas se reuniram em protesto por vários motivos perto do Estádio do Mineirão, onde as seleções do Taiti e Nigéria se enfrentaram pela Copa das Confederações.

A manifestação ocorreu mesmo após o Tribunal de Justiça do Estado ter acatado ação cautelar, proposta pelo governo de Antonio Anastasia (PSDB), proibindo manifestações que bloqueiem vias públicas, principalmente às do entorno do estádio. Houve confronto entre policiais e manifestantes.

Em Brasília, os manifestantes seguiam em direção ao Congresso Nacional e a Polícia Militar reforçou a segurança na Praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio do Planalto.


Também nesta segunda-feira uma nova manifestação voltou a acontecer no centro do Rio de Janeiro, com novo confronto entre policiais e manifestantes.

No fim de semana, manifestantes e policiais já haviam se enfrentado em protestos contra os recursos públicos gastos nos preparativos para a Copa do Mundo antes das partidas pela Copa das Confederações entre Brasil e Japão, em Brasília, e México e Itália, no Rio de Janeiro.

Também ocorriam manifestações nesta segunda em Porto Alegre, Salvador e Fortaleza.

Bala de borracha proibida

Em São Paulo, essa é a quinta manifestação contra o aumento das tarifas de transporte público, que passou de 3 reais para 3,20 reais no início do mês.

Embora os protestos desta segunda na capital paulista tenham começado de forma pacífica, os três primeiros protestos resultaram em depredações de ônibus e estações de metrô e confrontos com a Polícia Militar.

A manifestação realizada na quinta-feira, no entanto, foi a mais violenta. A Tropa de Choque disparou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha e a cavalaria da Polícia Militar ocupou a Avenida Paulista, via mais importante da cidade.

Foram registrados vários relatos de abusos de policiais, com cerca de 100 feridos, segundo o Movimento Passe Livre (MPL), entre eles jornalistas que estavam fazendo a cobertura do evento. Cerca de 230 pessoas foram detidas para averiguação, e mais de 10 PMs ficaram feridos.

Após as denúncias de abusos policiais, a Secretaria de Segurança Pública paulista reuniu-se com os líderes do MPL e garantiu que a Tropa de Choque não acompanhará o protesto desta segunda-feira.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) também disse que o uso de bala de borracha em manifestações públicas está "proibido". O secretário estadual de Segurança Pública, Fernando Grella, também disse que as denúncias serão investigadas e, se confirmadas, os responsáveis serão punidos.


"Não será utilizado bala de borracha, aliás nós proibimos a utilização de bala de borracha em manifestações públicas, e, o mais importante, eu acho que nós podemos dar um grande exemplo de preservar o direito das pessoas de manifestação sem prejuízo para ninguém", disse o governador Alckmin.

O MPL defende a gratuidade do transporte público e seus líderes têm afirmado que as manifestações só vão acabar quando o aumento da passagem for revogado, o que já foi descartado tanto por Alckmin quanto pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT).

Ambos argumentam que o aumento da tarifa, inicialmente previsto para janeiro deste ano, foi postergado para junho e que veio abaixo da inflação acumulada desde o início de 2011, quando houve o último reajuste.

Embora a alta no preço da passagem tenha sido o estopim das manifestações em todo o país, especialistas ouvidos pela Reuters entendem que o movimento emana uma insatisfação difusa.

A convocação para as manifestações têm sido feitas pelas redes sociais, especialmente pelo Facebook, site no qual mais de 265 mil pessoas afirmaram que estariam presentes no ato desta segunda-feira em São Paulo.

O Movimento Passe Livre já convocou um novo protesto para terça-feira, dessa vez na Praça da Sé.

Atualizada às 19h04

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