Mucajaí: moradores fizeram uma manifestação e, em seguida, atearam fogo aos pertences de venezuelanos que vivem em um abrigo municipal da cidade (Juan Medina/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 20 de março de 2018 às 14h04.
Moradores de Mucajaí (RR) fizeram, na tarde de ontem (19), uma manifestação e, em seguida, atearam fogo aos pertences de venezuelanos que vivem em um abrigo municipal na zona central da cidade. O protesto ocorreu após os moradores terem ficado revoltados com a morte de um brasileiro, que supostamente ocorreu durante uma briga com venezuelanos, no último sábado (17), em um bar do bairro Sagrada Família.
Segundo a Guarda Municipal, o protesto começou por volta das 17h e foi organizado após a suposta rixa. "A manifestação estava marcada e era para ser pacífica, mas, infelizmente, foi usada para outra finalidade", disse, por telefone, o comandante da Guarda Municipal, Wanited Correia Oliveira.
Em vídeo que circula na internet, os manifestantes pediam justiça durante o protesto. "Somos brasileiros, dignos, temos caráter. Eles [os venezuelanos] estão abusando demais", dizem no vídeo.
Em perfis nas redes sociais, moradores dizem que a cidade passou a enfrentar problemas com a chegada dos venezuelanos. "Temos que tomar uma atitude. Infelizmente, no meio de gente trabalhadora há muitos que não prestam, que são ladrões, violentos e são uma ameaça para nossa família", disse um internauta. Em outra postagem, uma pessoa afirma que a invasão ao abrigo dos venezuelanos foi uma resposta à morte do brasileiro assassinado no sábado, em Mucajaí.
Outra internauta, venezuelana, rebate o ataque e diz que "há pessoas da Venezuela que deixaram seu país para trabalhar pelo amor de sua família".
Em 2010, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a população de Mucajaí era de 14 mil pessoas, aproximadamente. No ano passado, o órgão estimou em 16.852 o número de habitantes - o cálculo é parcial.
Procurada pela Agência Brasil, a prefeitura de Mucajaí informou que vai apurar os fatos para poder se manifestar. A Polícia Civil e as secretarias estaduais de Justiça e Cidadania e Segurança Pública não se posicionaram até o momento.