Paraisópolis: grupo de manifestantes protesta contra PM na comunidade onde mortes aconteceram (Amanda Perobelli/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 4 de dezembro de 2019 às 20h43.
São Paulo — Quatro dias após a operação policial que deixou nove mortos na comunidade de Paraisópolis, em São Paulo, moradores, familiares das vítimas e ativistas realizaram na noite desta quarta-feira uma passeata até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, para pedir paz e justiça. O protesto foi barrado pela polícia a poucos metros do prédio, mas lideranças pretendem entregar reivindicações ao governador João Doria.
A manifestação partiu da Rua Ernest Renam, onde tradicionalmente é realizado o baile DZ7, no coração de Paraisópolis, e marchou cerca de três quilômetros até o Palácio. Além de homenagens às nove vítimas, os manifestantes protestaram contra a violência policial e fizeram críticas à Polícia Militar, João Doria e até mesmo o presidente Jair Bolsonaro.
Os moradores gritavam: “Não foram pisados, as nove vítimas morreram assassinados”, “funk é cultura”.
"A gente veio até aqui de forma pacífica, então nada mais justo do que ele (Doria) nos receber, até mesmo pela gravidade do tema, pela dor e sofrimento que está passando a comunidade. Então a gente não acha que o governador, que já foi insensível tantas vezes, vá ser insensível de novo e não falar com a gente", declarou Maurício Costa, liderança de Paraisópolis e amigo da família de Dennys Henrique, vítima da operação.
Os moradores contestam a versão da PM, de acordo com a qual as vítimas morreram pisoteadas durante o tumulto causado na ação policial que teria iniciado de uma perseguição contra atiradores. Diversas imagens mostram agentes agredindo e encurralando pessoas que estavam presentes no baile.
"O que aconteceu foi criminoso, já estava previsto que ia acontecer. Enquanto periferia, a gente não pode deixar isso ser em vão. A população preta, pobre e periférica está morrendo. A polícia tem a missão de nos proteger, não de nos matar. O Estado precisa ser responsabilizado", afirma Elizandra Cerqueira, presidente da Associação das Mulheres de Paraisópolis.