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Protesto critica demolição de escola para obra do Maracanã

Local onde foi iniciado o Serviço de Proteção ao Índio também será demolido

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 1 de dezembro de 2012 às 15h12.

Rio de Janeiro – Centenas de manifestantes tomaram as ruas da zona norte do Rio hoje (1º) para protestar contra a demolição da Escola Municipal Friedenreich, do Estádio de Atletismo Célio de Barros, do Parque Aquático Julio Delamare e do antigo Museu do Índio para as obras do Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã. A concentração ocorreu na Praça Saenz Peña, na Tijuca, e reuniu estudantes, ativistas sociais, políticos e índios de várias etnias.

O pagé Kunue Kalapalo chegou de madrugada de sua aldeia, no Xingu, para apoiar a manifestação contra a derrubada do antigo museu, onde o marechal Cândido Rondon iniciou o Serviço de Proteção ao Índio. “Nós estamos preocupados. Há muitos anos, meu avô esteve nesse prédio para conversar com o marechal Rondon, que usava o local para receber os índios. Eu era pequeno nessa época. Precisamos manter o prédio, porque é um ponto de referência para nossa cultura”, disse o pagé.

O cacique Carlos Tukano, que ocupa o prédio com outros 35 índios, disse que a situação é dramática porque o governo do estado acaba de lançar o edital para a demolição do imóvel. Para evitar que isso aconteça, foram chamados índios de vários estados para ocupar o espaço. “Fizemos uma convocação e estão chegando índios do Espírito Santo, de Mato Grosso, de São Paulo e do Rio Grande do Sul. Ninguém vai arredar o pé. Vamos resistir até o final”, garantiu o cacique.

A manifestação de hoje foi organizada pelos Comitês Populares da Copa em quatro cidades, além do Rio: São Paulo, Distrito Federal, Natal e Curitiba. No Rio, um dos integrantes do comitê, Gustavo Mehl, explicou o motivo do protesto. “Temos um processo de privatização do Maracanã, um complexo esportivo no qual foi investido R$ 1,5 bilhão desde 1999. Isso é um desrespeito com o nosso dinheiro e com a coisa pública”, disse Mehl, contrário ao processo de privatização lançado pelo governo do estado em outubro deste ano, que vai conceder o estádio à iniciativa privada por 35 anos, em troca do recebimento de R$ 7 milhões anuais. A reforma do estádio para a Copa 2014 está orçada em quase R$ 900 milhões em recursos públicos.


Outro efeito das obras do Maracanã é o desalojamento de 350 estudantes da escola Friedenreich, que funciona ao lado do estádio. Pais de alunos participaram do protesto. “A escola está ali há 50 anos, passamos por vários eventos e nunca tivemos problema algum. Jogar esta escola no chão é demolir um projeto pedagógico que a transformou na 10ª melhor escola pública do Brasil, no segmento educação básica, e a quarta melhor do Rio de Janeiro”, protestou Carlos Sandes, que tem uma filha na escola.

O Ministério Público Estadual ingressou na Justiça, em 21 de novembro, com uma Ação Civil Pública contra o governo do estado e a prefeitura, pedindo a preservação da escola e impondo multa diária de R$ 5 mil, caso seja impedida a matrícula dos alunos. O governo do Rio alega que as alterações e demolições são necessárias para adequar o Maracanã às exigências da Federação Internacional de Futebol (Fifa) para a Copa 2014.

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