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Manifestantes conseguem agendar audiência com vereadores

Grupo conseguiu marcar uma audiência pública após reunião com presidente da Câmara de São Paulo

Manifestante corre após policiais atirarem gás lacrimogêneo durante confronto em protesto contra o governador de São Paulo (Nacho Doce/Reuters)

Manifestante corre após policiais atirarem gás lacrimogêneo durante confronto em protesto contra o governador de São Paulo (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 15 de agosto de 2013 às 00h02.

São Paulo – Após terem se reunido na noite de hoje (14) com o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, o vereador José Américo (PT), manifestantes de São Paulo que protestam por melhorias no transporte público e contra o desvio de recursos destinado a obras no metrô paulistano e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) conseguiram agendar uma audiência pública com os vereadores para a próxima semana, quando devem discutir sobre transporte público e também obter informações sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte Coletivo, que tramita atualmente na Casa.

Segundo o presidente da Câmara, os manifestantes, composto por representantes de diversos movimentos pediram a tarifa zero nos ônibus do transporte coletivo municipal. Eles também querem acesso aos documentos já levantados pela CPI do Transporte Público. “A Câmara não tem iniciativa para fazer a tarifa zero, mas esse projeto deve vir a ser debatido aqui. Estamos totalmente abertos. A proposta que fizemos aos manifestantes é que, na quinta-feira [da próxima semana], qualquer entidade poderá formalizar o pedido e colocaremos à disposição de todos os documentos que a CPI tem, que são públicos e estão à disposição de qualquer um”, disse José Américo.

Em entrevista aos jornalistas, o vereador disse não ter entendido o que levou os manifestantes hoje à Câmara Municipal, já que o protesto foi convocado para questionar o desvio de recursos de obras do Metrô e da CPTM, de responsabilidade do governo estadual. “Realmente não entendi. A manifestação foi chamada para protestar contra o cartel do Metrô, que está sendo denunciado. Não sei [o que houve]. Talvez porque aqui [a Câmara Municipal] fique mais perto do centro? E mudaram totalmente o discurso. O grupo que está aqui dentro não quer discutir a questão do Metrô, mas a dos ônibus, que tem CPI e tudo. Realmente eles fizeram uma inversão muito rápida de pauta”, declarou.

A manifestação que defende melhorias no transporte público e que protestava contra a formação de cartel nos contratos firmados pelo Metrô e pela CPTM em São Paulo teve início por volta das 15h no Vale do Anhangabaú e foi convocada pelo Sindicato dos Metroviários de São Paulo, com apoio dos movimentos dos Trabalhadores Sem Teto e Passe Livre. O protesto percorreu diversas ruas do centro da capital, passando pela Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos, na Rua Boa Vista, onde uma comissão formada por seis pessoas entregou uma carta de reivindicações, cobrando a abertura da caixa-preta [das planilhas de custo do transporte público], a devolução do dinheiro [que teria sido desviado do Metrô e da CPTM], a prisão de corruptos e corruptores e pedindo mais investimentos em transporte público.


Enquanto a comissão se reunia com um representante da secretaria, o restante dos manifestantes, estimado pela Polícia Militar em mais de 1,2 mil pessoas, seguiu para a Praça da Sé, onde a passeata foi encerrada. No entanto, alguns ativistas usando máscaras ou camisas sobre o rosto, decidiram continuar o protesto e seguiu para a Câmara Municipal. Parte deles, cerca de 20 ativistas, foi convidada a se reunir com os vereadores e conseguiu entrar no prédio, onde já estavam outros manifestantes, cerca de 30 pessoas. O restante, que ficou do lado de fora, tentou forçar a entrada e entrou em confronto com a polícia. Eles lançaram pedras, garrafas e rojões em direção ao prédio da Câmara. Os policiais militares reagiram com bombas e gás lacrimogêneo, dispersando os manifestantes que seguiram para a Assembleia Legislativa, em frente ao Parque Ibirapuera.

Um dos manifestantes que entraram na Câmara, Bruno Alves, que integra a Conlutas disse que a principal reivindicação é o passe livre (ou tarifa zero) para todas as pessoas. “Tem uma proposta também do passe livre estudantil e de passe livre para os desempregados, que seria uma forma de se minimizar o impacto do transporte”, declarou. Outra questão que o movimento levou aos vereadores foi a da estatização do sistema de transporte. “Essa é a principal forma de garantir isso”, ressaltou.

Arielli Tavares Moreira, integrante da Assembleia Nacional dos Estudantes (Anel), disse que o passe livre para estudantes é uma grande demanda, principalmente para os jovens das periferias. “Achamos que essa é uma demanda que pode ser atendida agora”, disse. “Queremos debater também a estatização do transporte público, queremos que se abram as contas de todas essas empresas e da máfia de transporte que se instalou tanto no estado quanto no município e queremos, de fato, rumar à tarifa zero na nossa cidade”, completou.

Perguntada sobre o confronto ocorrido em frente à Câmara Municipal, Arielli negou que os manifestantes tenham agido com excesso durante o ato. “O que aconteceu, na realidade, foi novamente a ação da polícia, de maneira truculenta, reprimindo os ativistas que estavam se manifestando, tanto dentro como fora da Câmara, de maneira pacífica”, ressaltou.

A presidência da CPI do Transporte Coletivo da Câmara Municipal, presidida pelo vereador Paulo Fiorilo (PT), informou, por meio de nota, que “todos os documentos recebidos pela comissão estão disponíveis para download e consulta na página da Casa Legislativa, na seção Atividade Legislativa – CPI”.

Procurada pela Agência Brasil, a Secretaria de Transportes Metropolitanos, até a publicação da matéria, não se pronunciou sobre a reunião e nem sobre a manifestação ocorrida hoje.

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