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Mané Garrincha é fonte inesgotável de corrupção, dizem delatores

Oficialmente, o estádio mais caro da Copa de 2014 custou R$ 1,4 bilhão, mas é voz comum que pode ter saído por quase R$ 2 bilhões

Estádio: as informações foram obtidas com delatores então vinculados à Andrade Gutierrez (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Estádio: as informações foram obtidas com delatores então vinculados à Andrade Gutierrez (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de maio de 2017 às 08h04.

Última atualização em 15 de maio de 2017 às 10h54.

São Paulo - Estádio com orçamento mais alto da Copa do Mundo de 2014 - oficialmente custou R$ 1,403 bilhão, mas é voz comum que pode ter saído por quase R$ 2 bilhões -, o Mané Garrincha, em Brasília, que se tornou o mais famoso elefante branco pós-Mundial, também teria rendido dinheiro de propina a dois ex-governadores, de acordo com delatores então vinculados à Andrade Gutierrez, que comandou as obras.

Clóvis Primo relatou acordo feito em 2009 para pagamento de 1% do valor da obra a José Roberto Arruda e que os repasses continuaram mesmo após ele ser afastado do cargo.

O advogado do ex-governador, Paulo Emílio Cata Preta, disse estranhar a acusação, "uma vez que não houve execução financeira dessa obra no governo Arruda. Estamos seguros de que não há qualquer hipótese de corroboração dessas declarações".

Rogério Nora de Sá disse que Agnelo Queiroz (2011 a 2014) pediu pagamentos para o PT e que não havia valor determinado. "O ex-governador nega qualquer recebimento de doação da campanha dele e para qualquer campanha de forma irregular", disse o advogado Paulo Machado Guimarães. "E ele jamais autorizou quem quer que seja a receber vantagem, doação ou contribuição ilícita".

Cartolas

As suspeitas de corrupção e irregularidades envolvendo a Copa de 2014 no Brasil ultrapassam fronteiras. A Fifa investiga o fato de o ex-presidente Joseph Blatter e o ex-secretário-geral Jérôme Valcke terem contratos para receber quase R$ 100 milhões em prêmios e bônus pela realização do último Mundial. A suspeita é de os pagamentos sejam ilegais e que possam se configurar como propinas.

Os contratos que também estão sendo investigados pelo FBI e pela Justiça da Suíça apontam para suspeitas relativas aos critérios estabelecidos para justificar os pagamentos. O que surpreende a Fifa é que os valores foram autorizados em contratos assinados pelos próprios beneficiários, sem qualquer consulta.

Blatter tinha contratos de US$ 12 milhões por sua contribuição para realizar a Copa no Brasil. Valcke recebeu mais US$ 10 milhões.

Valcke foi afastado do futebol por 10 anos depois de o jornal O Estado de S.Paulo e outros nove jornais internacionais revelarem que o francês fechou acordos para ficar com parte dos lucros da revenda de ingressos para a Copa de 2014, em um esquema com ágio de mais de 200% nos valores das entradas e que teria envolvido mais de 2 milhões de euros (R$ 8,6 milhões) apenas para o bolso dele.

As suspeitas também pairam sobre a relação entre a Fifa e os dirigentes brasileiro. O relatório paralelo preparado pelos senadores na CPI do Futebol aponta para suspeitas em relação aos contratos da preparação do Brasil para a Copa do Mundo de 2014.

O centro das investigações é Comitê Organizador Local (COL), que foi presidido por Ricardo Teixeira, José Maria Marin e, mais recentemente, por Marco Polo del Nero.

No total, a Fifa repassou ao COL, que sempre evitou ser fiscalizado pelo governo, US$ 453 milhões. "O sigilo bancário do COL revela uma série de pagamentos a empresas que precisam ser melhor investigados, em função do histórico e das conexões dessas empresas e seus acionistas com o COL, a CBF e seus dirigentes, especialmente, quanto a eventuais ajustes, combinações ou qualquer outro expediente voltado ao recebimento de vantagens indevidas decorrentes de contratações direcionadas", alertou o documento. (colaborou Jamil Chade, em Genebra)

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