Brasil

Maluf cuidou mesmo de dinheiro no exterior, mostra sentença

"Paulo Maluf não tem nem nunca teve conta no exterior", é a frase clássica do deputado e sua assessoria. Mas a sentença da justiça de Jersey mostra que ele tratou do assunto


	Paulo Maluf: os documentos da sentença de Jersey mostram nominalmente seu envolvimento em processo. No Brasil, ele informa sempre que "não tem nem nunca teve conta no exterior"
 (Mario Rodrigues/Veja São Paulo)

Paulo Maluf: os documentos da sentença de Jersey mostram nominalmente seu envolvimento em processo. No Brasil, ele informa sempre que "não tem nem nunca teve conta no exterior" (Mario Rodrigues/Veja São Paulo)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de março de 2014 às 17h39.

São Paulo – A cada dia, está mais difícil para o deputado federal Paulo Maluf perpetuar o lema de que “não tem e nunca teve contas no exterior”. Detalhes da sentença de condenação de empresas ligadas ao político na ilha britânica de Jersey mostram que Maluf e o filho, Flávio, trocaram correspondências com seus advogados e o Deutsche Bank sobre os investimentos nas companhias que receberam os recursos suspeitos de serem desviados. O documento foi obtido pela Folha de S. Paulo.

O deputado e o filho tiveram de dar explicações ao banco alemão depois que uma nova lei contra lavagem de dinheiro entrou em vigor em Jersey, em 1999.

As empresas envolvidas eram a Durant, Kildare, Macdoel e Sun Diamond. Em 2000, segundo a Folha, Maluf se encontrou com advogados em Mônaco para cuidar dos esclarecimentos pedidos pelo banco.

Antes, já havia escrito à instituição confirmando que as explicações dadas por Flávio defendiam também seus interesses como investidor, afirma o jornal.

Há três semanas, o Deutsche Bank fez um acordo com a prefeitura de São Paulo e o Ministério Público estadual por ter movimentado o dinheiro que teria sido desviado dos cofres públicos na gestão de Maluf (1993-1996).

Com isso, livrou-se de um processo judicial.

À Folha, a assessoria do deputado afirma que "a reportagem se baseia em documento sem identificação e apócrifo”, embora a Folha afirme que ele foi obtido junto às autoridades da ilha britânica.

Antes
No começo do ano passado, o jornal Estado de S. Paulo já havia publicado uma das sentenças da Justiça de Jersey, que condenou as empresas que receberam recursos de Maluf a devolver US$ 28,3 milhões aos cofres públicos de São Paulo.

Nesta decisão – que envolvia as obras da Avenida Jornalista Roberto Marinho e outras - o juiz Howard Page afirma que Maluf e o filho foram “recebedores de fundos dos quais sabiam muito bem desde o começo que eram procedentes de fraude”.

Sempre que o assunto de contas fora do Brasil vem à tona, o deputado e sua assessoria negam qualquer possibilidade de existência das contas. A frase, hoje clássica, é: "Paulo Maluf não tem nem nunca teve conta no exterior”.

De acordo com reportagem da revista Piauí, ela foi usada pela primeira vez no ano 2000. E vem sendo repetida desde então. 

Acompanhe tudo sobre:bancos-de-investimentoCorrupçãoDeutsche BankEmpresasEmpresas alemãsEscândalosFraudesPaulo MalufPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPrefeitos

Mais de Brasil

Acidente com ônibus escolar deixa 17 mortos em Alagoas

Dino determina que Prefeitura de SP cobre serviço funerário com valores de antes da privatização

Incêndio atinge trem da Linha 9-Esmeralda neste domingo; veja vídeo

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP