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Mal silencioso da covid-19, a hipóxia, ganha campanha de informação

Instituto Estáter e Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) farão trabalho de conscientização e treinamento para uso de oxímetros

Oxímetro: acompanhamento e avaliação precoce da hipóxia pode salvar vidas (vgajic/Getty Images)

Oxímetro: acompanhamento e avaliação precoce da hipóxia pode salvar vidas (vgajic/Getty Images)

GV

Graziella Valenti

Publicado em 13 de julho de 2020 às 22h09.

Última atualização em 13 de julho de 2020 às 22h11.

Pércio de Souza, da butique de finanças Estáter, tanto falou sobre o assunto que funcionou. O Instituto Estáter e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) deram a largada nesta segunda-feira a uma campanha de conscientização, planejamento e treinamento a respeito de um sintoma da covid-19 que pode ser letal: a hipóxia (a baixa de oxigênio no sangue) silenciosa. A Central Única das Favelas (CUFA) vai trabalhar em conjunto nesse projeto, contribuindo com a disseminação de informações. O projeto recebeu o nome de Alert(AR).

A iniciativa coincide e será complementar à atuação da aliança Todos pela Saúde, que nasceu a partir da doação bilionária feita pelo Itaú Unibanco para combate ao vírus e que é coordenada por Paulo Chachap, diretor do Hospital Sírio-Libanês. A organização doará 104 mil oxímetros, aparelhos que medem o nível de oxigênio no sangue. Os instrumentos serão levados a diversas cidades e entregues às Unidades Básica de Saúde (UBS). 

Desde início de março, o Instituto Estáter se dedica ao estudo do comportamento da pandemia e acompanha os dados simultaneamente de 20 países, com as organizações oficiais de saúde. Segundo Souza, há uma equipe com seis pessoas atuando na compilação, organização e interpretação desses dados.

A necessidade de abordar a questão da hipóxia surgiu a partir da constatação, por esse time, que a maioria das mortes de contaminados ocorriam fora das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs): 85% na Lombardia, 90% na Espanha, 79% em Londres. Os dados se referem ao auge das mortes nessas regiões. A partir daí surgiu a investigação do que levava a esses óbitos. O resultado encontrado foi que a maioria das mortes ou das internações gravíssimas ocorriam porque os pacientes entravam em um quadro muito negativo rapidamente e muitas vezes sem perceber, com queda da taxa de oxigênio no sangue sem a sensação de falta de ar associada.

As campanhas que serão promovidas pelo instituto e pela SBI visam conscientizar a população sobre o tema e promover a importância do acompanhamento da oxigenação sempre que houver contaminação pelo sars-Cov-2 – o novo coronavírus. Junto à disseminação de informação por meio de material educativo também haverá treinamento para que agentes de saúde de comunidades possam acompanhar os contaminados, especialmente com idade acima de 60 anos e ligados ao grupo de risco por comorbidades. Conforme Souza, a ideia é desenvolver aplicativos para controle dos dados e também um canal interativo.

Não foi informado o valor da ação. “Não tem um custo elevado”, resumiu. A Alert(AR) terá apoio das companhias Embraer, Gol, Grupo Boticário, Klabin, Ultrapar, Banco Voiter e iN.

“O acompanhamento e avaliação precoce da hipóxia pode salvar muitas vidas”, afirmou Clóvis Arns, médico infectologista presidente da SBI. “Essa baixa do oxigênio não vem acompanhada de falta de ar e quando a pessoa começa a se sentir mal, muitas vezes, é tarde demais.” O nível de oxigênio no sangue não pode caiar abaixo de 95%. Sempre que isso ocorrer, o doente deve procurar um médico. Em muito casos haverá necessidade de internação, mas se o quadro do doente estiver no início é de se esperar que não demande UTIs, explicou o infectologista. 

Presente no anúncio da campanha, Preto Zezé, presidente da CUFA, disse que entidade vai ajudar na conscientização a respeito do assunto. Segundo ele, será feito um trabalho junto com as mães das favelas, dada a capacidade e influência delas nas comunidades. A CUFA reúne hoje 5.000 favelas, em 26 estados diferentes. “Os agentes públicos estão muito focados na questão dos respiradores e na agenda política. Ninguém quer saber de dar informação que ajude.”

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