O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é, mais uma vez, alvo de uma denúncia decorrente da Operação Lava-Jato. Dessa vez, é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Além de Lula, a mesma denúncia inclui os nomes de sua mulher, Marisa Letícia, do ex-ministro Antonio Palocci, do empreiteiro Marcelo Odebrecht e de mais cinco pessoas. Os procuradores do Ministério Público Federal afirmam, na denúncia, que o ex-presidente tinha “controle supremo” do esquema de corrupção.

É a terceira denúncia apresentada contra Lula na operação e a quinta do ano, as outras duas são relacionadas à Zelotes e à Janus. Mas é a primeira vez que o nome de Lula aparece relacionado à Odebrecht. A denúncia alega que parte das propinas oriundas da Petrobras pagas pela empreiteira ao ex-presidente foi usada na compra do terreno onde seria construída a sede do Instituto Lula — mais tarde, o instituto acabou indo para outro lugar. O valor desse primeiro terreno, de acordo com os procuradores, seria de 12,5 milhões de reais. E o total de propinas pagas seria de 75 milhões de reais.

Além do terreno, Lula teria sido beneficiário da compra da cobertura vizinha ao apartamento onde mora, em São Bernardo do Campo, no valor de 504.000 reais. Os procuradores dizem que o imóvel está em nome de Glaucos da Costa Marques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, que seria “testa de ferro” de Lula. A defesa de Lula nega, alegando que não tem relação com o terreno e paga aluguel pela cobertura vizinha.

Com dados da delação da Odebrecht vindo à tona, o nome de Lula começa a aparecer com mais frequência junto ao da empreiteira. Ele seria o “amigo” nas listas apreendidas pela Polícia Federal. De acordo com o jornal Valor, a delação premiada do ex-presidente da construtora Marcelo Odebrecht confirma que Lula recebeu dinheiro da empresa, inclusive em espécie, fruto da corrupção na Petrobras. A tese já havia sido levantada nas informações da delação de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, que surgiu no fim de semana.

Na gangorra da Lava-Jato, esta quinta foi dia de o governo respirar aliviado e de a oposição voltar a sentir o bafo das investigações.