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Encontrado mais R$ 1,2 milhão em endereços ligados a João de Deus

De acordo com o jornal Folha de São Paulo, junto do dinheiro a polícia apreendeu dólares, euros, um revólver e mais de uma centena de pedras

João de Deus (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

João de Deus (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 22 de dezembro de 2018 às 16h48.

Última atualização em 22 de dezembro de 2018 às 17h10.

São Paulo - A Polícia Civil de Goiás encontrou R$ 1,2 milhão em endereços ligados ao médium João Teixeira de Faria, o João de Deus.

De acordo com o jornal Folha de São Paulo, junto do dinheiro, encontrado em pilhas de notas de R$ 100 e R$ 50 enroladas em elásticos, a polícia apreendeu pequenas quantias em dólar e euro. Um revólver também foi encontrado, além de pouco mais de uma centena de pedras que serão periciadas para que seus valores sejam estimados.

As apreensões foram feitas em uma operação realizada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de Goiás ontem (21) em Abadiânia, a cerca de 90 km de Goiânia, mas o balanço da operação foi divulgado apenas hoje (22). O R$ 1,2 milhão se soma a outros R$ 400 mil encontrados no dia 19, juntos de seis armas.

Entenda o caso

João de Deus foi indiciado há dois dias (20) pela Polícia Civil de Goiás sob suspeita de violação sexual mediante fraude, segundo a Folha. O relatório final do inquérito sustenta que, em 24 de outubro, a pretexto de fazer um tratamento espiritual, o médium molestou uma mulher de cerca de 40 anos na Casa Dom Inácio de Loyola — ​espécie de hospital de cirurgias espirituais que ele fundou em Abadiânia. De acordo com a Folha de São Paulo, a Promotoria já recebeu 596 relatos de assédios supostamente praticados pelo médium, que foi preso preventivamente no último domingo (16).

A investigação atual apura 15 casos de abuso sexual deve apontar que o líder religioso selecionava suas vítimas, normalmente mulheres entre 25 e 40 anos, e usava do desconhecimento das pessoas para fazer parecer que os atos libidinosos eram parte de um atendimento espiritual comum. Os crimes teriam sido praticados durante atendimentos individualizados e em locais restritos na Casa Dom Inácio de Loyola.

Segundo as investigações policiais, geralmente João de Deus selecionava as potenciais vítimas para um atendimento privativo e, de acordo com os depoimentos, trancava a porta do ambiente em que fazia essa consulta. A maioria das mulheres relata que, sentado em uma poltrona, ele pedia para que as vítimas se posicionassem de costas, com olhos fechados. E iniciava uma espécie de massagem abdominal nas pacientes. De acordo com os policiais, João de Deus pedia, em seguida, para que as mulheres colocassem os braços para trás e, muitas vezes, repetissem a massagem na barriga dele também, às vezes, sob a desculpa de “passar energia”. A partir daí, o médium praticava os abusos, fazendo com que as mulheres o tocassem nas partes genitais, ainda com os braços para trás e de costas.

Na avaliação da Polícia Civil de Goiás, a forma de atuar de João de Deus tinha o objetivo de fazer parecer que essas práticas eram comuns para a “cura” ou a solução dos problemas espirituais que as pessoas traziam.

Defesa

Por meio de seus advogados, o médium nega que tenha cometido abusos. Sua defesa recorreu ao Judiciário e pediu habeas corpus para tentar a soltura de João de Deus, que se entregou à polícia no último domingo.

Outra estratégia da defesa é analisar “o contexto” das denúncias contra seu cliente para saber se o depoimento de algumas mulheres têm “crédito ou não”.

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