Brasil

Por que o amigo de Lula foi preso na Lava Jato

O pecuarista José Carlos Bumlai foi preso nesta terça-feira na 21ª fase da Operação Lava Jato

Empresário José Carlos Bumlai durante o embarque hoje, em Brasília (Ueslei Marcelino/ Reuters)

Empresário José Carlos Bumlai durante o embarque hoje, em Brasília (Ueslei Marcelino/ Reuters)

Raphael Martins

Raphael Martins

Publicado em 24 de novembro de 2015 às 10h58.

Última atualização em 2 de agosto de 2017 às 12h25.

São Paulo – Na manhã desta terça-feira, a Polícia Federal deflagrou a 21º fase da Operação Lava Jato que prendeu o empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com os investigadores envolvidos no caso, a nova fase foi batizada de "Passe Livre" por conta de um suposto livre acesso de Bumlai ao Palácio do Planalto.

O pecuarista entrou no grupo de investigados depois que Eduardo Musa, ex-gerente da Petrobras, e do lobista ligado ao PMDB Fernando Baiano, relataram, em delação premiada, um suposto repasse de recursos para uma nora do ex-presidente Lula e recebimento de propina por lobby na Petrobras.

As investigações desta etapa, no entanto, estão concentradas na contratação sem licitação do navio-sonda Vitória 10.000 do Grupo Schahin para a Petrobras.

De acordo com a PF, há indícios de que Bumlai teria usado de influência para fraudar o procedimento licitatório como forma de pagamento de empréstimos ao Grupo.

Em outubro de 2004, Bumlai contraiu um empréstimo no valor de R$ 12 milhões que nunca foi quitado. Em dezembro de 2005, depois de novos pedidos de recurso, o valor já somava 18 milhões de reais.

O pecuarista diz que o pagamento do novo empréstimo, foi quitado pela venda de embriões bovinos às fazendas do Grupo Schahin, mas o MPF acredita que o valor que teria sido repassado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e a funcionários  da Petrobras para obtenção de vantagem na contratação do navio-sonda. O caminho exato do dinheiro ao partido ainda está sendo investigado.

"Segundo as apurações, complexas medidas de engenharia financeira foram utilizadas pelos investigados com o objetivo de ocultar a real destinação dos valores indevidos pagos a agentes públicos e a diretores da estatal", afirma a PF em nota. "Existem indicativos claros do uso de falsos documentos para a falsa quitação".

De acordo com o procurador do MPF Diogo Castor de Mattos, além do montante envolvendo a Petrobras, há outros empréstimos de dezenas de milhões de reais que envolvem pessoas próximas a Bumlai. Inclusive, empresas suas sem comprovação de atividade ou com pedidos de falência em curso teriam recebido mais de 500 milhões de reais em empréstimos do BNDES.

A operação mobilizou 140 policiais federais para cumprir os 25 mandatos de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Lins, Piracicaba, no estado de São Paulo, Rio de Janeiro, Campo Grande, Dourados e Brasília. Bumlai tinha depoimento marcado para hoje na CPI do BNDES.

Na semana passada, a 20ª fase, batizada de Corrosão, prendeu o ex-gerente executivo da Petrobras, Roberto Gonçalves, e Nelson Martins Ribeiro, apontado como um dos operadores do esquema de corrupção que supostamente teriam recebido propina em contratos das refinarias Abreu e Lima e Pasadena.

Veja mais detalhes da 21º fase da operação na coletiva de imprensa da PF:

yt thumbnail
Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasCombustíveisEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEscândalosEstatais brasileirasFraudesIndústria do petróleoLuiz Inácio Lula da SilvaOperação Lava JatoPersonalidadesPetrobrasPetróleoPolícia FederalPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas