Cigarro: o governo estadual deixou de arrecadar R$ 1,6 bilhão (Zoonar RF/Getty Images)
Agência Brasil
Publicado em 3 de agosto de 2017 às 16h45.
Mais de 40% dos cigarros vendidos no estado de São Paulo são contrabandeados, segundo estimativa da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) divulgada hoje (3).
Segundo estudo elaborado pela entidade, foram comercializados, no primeiro semestre deste ano, 8,7 bilhões de cigarros legalizados e 6,8 bilhões de unidades que não pagaram impostos.
Com isso, o governo estadual deixou de arrecadar R$ 1,6 bilhão.
Para o diretor da ABCF, Rodolpho Ramazzini, a crise econômica está impulsionando os mercados ilegais no país.
"O Brasil nunca esteve em uma crise econômica como essa que faz com que os consumidores migrem para produtos mais baratos e, obviamente, contrabando, por não pagar imposto, tem um preço muito mais baixo", ressaltou.
A associação estima que outros setores também tenham índices significativos de ilegalidade. De acordo com as projeções da entidade, 45% dos produtos de confecção no estado de São Paulo vem do contrabando, no ramo das autopeças o percentual chega a 40% e entre as bebidas, 35%.
Outro fator que favorece a ilegalidade, segundo Ramazzini, são os controles frágeis especialmente nas fronteiras terrestres. "As fronteiras estão desguarnecidas de fiscalização, assim como as grandes cidades, onde faltam agentes e equipamentos para realizar fiscalização de uma maneira muito mais efetiva", enfatizou.
A concorrência com produtos que não pagam impostos e não são submetidos a mecanismos de controle enfraquecem a indústria brasileira, de acordo com o pesquisador do Observatório do Mercado de Ilícitos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), João Henrique Martins.
"À medida que ele cresce, vai tomando pedaços do mercado legal. Sem uma política de controle estrutural sobre isso, alguns setores vão simplesmente deixar de existir."
Uma pesquisa feita pelo observatório com empresários paulistas mostrou que 8,6% já se perceberam alvo de falsificação ou pirataria dos produtos que fabricam em 2016.
O percentual era de 4,9% em 2015. Cerca de 9,2% das empresas do estado relataram ter recebido oferta de produtos falsificados ou roubados.