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Mais de 20 mulheres acusam médico Augusto César Barreto de abuso sexual

De acordo com a delegada responsável, a quantidade de queixas pode subir, mas algumas mulheres acabam não comparecendo por receio da exposição

Delegacia de Defesa da Mulher é responsável pela investigação (Google street view/Reprodução)

Delegacia de Defesa da Mulher é responsável pela investigação (Google street view/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de janeiro de 2019 às 15h50.

Franca - Mais vítimas compareceram à delegacia e ao Ministério Público, em Presidente Prudente (SP), para denunciar o médico Augusto César Barreto Filho por abuso sexual.

Segundo a delegada Adriana Pavarina, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), já passa de 20 o número de vítimas. "Ainda não deu tempo de contar todos os registros, mas aumentou bastante", disse.

De acordo com a delegada, a quantidade de queixas pode subir, porém, algumas mulheres acabam não comparecendo para oficializar a denúncia por receio de exposição da imagem.

"Infelizmente, chegaram a divulgar os nomes de algumas vítimas e isso pode afastar outras pessoas de também fazerem a denúncia", explicou.

Ainda assim, somente nesta terça-feira, 15, mais duas mulheres engrossaram a lista afirmando que também foram abusadas pelo profissional que atua na área de cardiologia.

Como as demais, elas alegaram que o acusado teria passado as mãos pelas suas partes íntimas e feito outros abusos durante as consultas.

De acordo com a delegada, a investigação iniciada em julho do ano passado já foi concluída e nesta semana o processo foi encaminhado à Justiça pedindo a prisão do médico.

Mas com o surgimento de mais vítimas, outros inquéritos podem ser abertos para novas apurações. "Tem muita gente ligando para a delegacia", falou Adriana nesta quarta-feira, 16.

O cardiologista já tinha sido denunciado há dez anos e a delegada garante que, na época, a polícia também realizou as investigações e encaminhou o caso para a Justiça.

No entanto, indagada sobre os motivos de até hoje ele não contar com qualquer condenação, ela falou que isso é responsabilidade da Justiça.

"O procedimento da polícia foi realizado, mas sobre esta questão dos processos somente o judiciário para informar", justificou.

A reportagem entrou em contato com o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) questionando sobre o desdobramento dessas denúncias anteriores.

Porém, a assessoria do órgão informou não ter acesso às ações que correm em segredo de Justiça.

E que no caso dos processos que podem ser visualizados, constam apenas dois e voltados a execuções fiscais em Presidente Prudente, não tendo relação com os casos levantados pela polícia.

Relatos

As denúncias feitas agora são pelo crime de posse sexual mediante fraude, que tem pena prevista de até seis anos de reclusão.

Uma das vítimas contou que Augusto César Barreto Filho agia, principalmente, na hora dos exames.

"Ele ia medir a pressão arterial e, enquanto segurava meu braço, aproveitava para esfregar suas genitálias na minha mão", falou uma das mulheres que registrou queixa contra ele e preferiu não se identificar.

De acordo com a paciente, até na hora de medir as batidas do coração com o estetoscópio o médico praticava o assédio.

"Em uma consulta, no momento em que fazia o exame, ele passou a mão na minha coxa e tentou tocar também dentro da minha calça", completou a paciente.

Sindicância

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) anunciou nesta quarta, 16, a abertura de sindicância para apurar as reclamações contra o cardiologista.

A apuração ficará a cargo da Câmara Técnica de Assédio Sexual e não há previsão sobre o término do trabalho.

O médico garantiu ser inocente ao ser chamado para prestar depoimento à polícia, mas alegou que vai falar sobre o caso somente em juízo.

O advogado dele não quis se pronunciar porque ainda não teria sido informado oficialmente sobre as denúncias.

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