Soldados bolivianos da unidade de erradicação da cocaína em Chinahota, Chapare: A Bolívia é um país produtor de cocaína, da mesma forma que Peru e Colômbia (Aizar Raldes/AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2012 às 19h07.
La Paz - A força boliviana antinarcóticos identificou ''líderes e emissários'' da principal organização criminosa de São Paulo que compram droga na Bolívia para enviá-la ao Brasil e a outros países vizinhos.
''Com base em informação que processamos com nossos colegas da Polícia Federal do Brasil, identificamos alguns líderes dessa organização que estariam inserindo capital na Bolívia. Capital ilícito'', disse em entrevista coletiva o chefe da Força Especial de Luta contra o Narcotráfico (FELCN), coronel Gonzalo Quezada.
O oficial se referiu assim a uma matéria do jornal ''O Globo'' reproduzida hoje por meios de comunicação locais que revela que esse grupo criminoso expandiu suas operações à Bolívia e Paraguai.
Segundo Quezada, também foram detectadas três rotas usadas pelos traficantes para levar a droga ao Brasil: duas na região oriental de Santa Cruz que se conectam com os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e outra desde a cidade boliviana de Beni em direção a Rondônia.
Além disso, foi identificada uma ''ponte aérea'' entre Peru, Bolívia e Brasil estabelecida pelo grupo paulista e por organizações criminosas dos outros dois países para enviar droga peruana a Brasil, Argentina e Paraguai em pequenos aviões.
O vice-ministro de Substâncias Controladas, Felipe Cáceres, admitiu que a organização criminosa paulista tem ''emissários'' na Bolívia, apesar de ter descartada quo esse grupo opere no país com ''uma estrutura armada militar'' como faz no Brasil.
Quezada assinalou que para frear as atividades ilícitas do grupo na Bolívia está sendo planificada ''uma forte ação de controle migratório'' e um trabalho de inteligência mais intenso em Santa Cruz, Beni e na região nortista de Pando, na fronteira com Brasil e Peru, para encontrar outros possíveis contatos dos emissários.
Por outra parte, o chefe da FELCN também anunciou que os governos de Bolívia, Brasil e Peru decidiram há duas semanas em Lima elaborar um lista dos dez maiores criminosos da região, no marco das ações que realizarão para fortalecer a luta conjunta contra o narcotráfico.
A Bolívia é um país produtor de cocaína, da mesma forma que Peru e Colômbia, mas o governo boliviano sustenta que seu território também serve de passagem para a droga peruana dirigida aos mercados de Brasil, Argentina e Paraguai.