Brasil

Maia: Usar Forças Armadas contra greve não é bom para o Brasil

"Tem que ser sempre o último instrumento porque depois deles não haverá outro para se garantir a ordem e a lei no Brasil", disse o presidente da Câmara

Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados. (Andre Coelho/Bloomberg)

Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados. (Andre Coelho/Bloomberg)

Luiza Calegari

Luiza Calegari

Publicado em 29 de maio de 2018 às 13h25.

A decisão do presidente Michel Temer de utilizar as Forças Armadas para combater a greve dos caminhoneiros não é boa para os militares nem para o Brasil, disse o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, em entrevista à Bloomberg.

O deputado criticou a decisão do governo de colocar os militares em campo para lidar com assuntos de ordem pública, um papel que as Forças Armadas, segundo ele, não têm função de cumprir e que "os próprios militares sempre reclamaram muito de exercer". "Poderia ter esperado um pouco mais", disse.

"As Forças Armadas têm obrigação de garantir a soberania do país", disse Maia. "Tem que ser sempre o último instrumento porque depois deles não haverá outro para se garantir a ordem e a lei no Brasil."

Maia também criticou o fato de o governo não ter designado um civil para comandar a pasta da Defesa após a nomeação do então titular, Raul Jungmann, para o ministério da Segurança Pública. "É uma sinalização ruim para a sociedade e para os investidores", afirmou, numa referência à decisão do governo de manter como ministro da Defesa o general Joaquim Silva e Luna, que havia sido anunciado como interino. "Escolher um militar como solução sempre vai gerando uma impressão que o governo está querendo escolher um caminho que eu sei que não está", afirmou. O deputado disse acreditar que Temer é um "democrata".

Embora critique o governo, Maia defende que Temer possa concluir o mandato iniciado há dois anos. "Acho que, para o Brasil, o melhor é que se dê as condições para que o presidente termine essa transição e a gente tenha tranquilidade no processo eleitoral e que a sociedade eleja um presidente que possa construir essas reformas."

Greve e política de preços

Para Maia, a recessão que o Brasil atravessou em 2015 e 2016 é uma das causas para o atual movimento dos caminhoneiros, que já atinge o 9º dia de paralisação. "O Brasil saiu da recessão, mas os brasileiros não saíram", disse.

Ciro e Bolsonaro

O presidente da Câmara negou relatos, publicados na imprensa, de que ele está discutindo uma aliança com o candidato à presidência pelo PDT, Ciro Gomes, que apoiou Cesar Maia, pai do parlamentar, para a prefeitura do Rio de Janeiro. "Ciro é meu amigo, gosto dele, mas não sentei para conversar com ele", disse. Segundo Maia, a base aliada é contra qualquer aproximação com Ciro.

Sobre a tendência favorável a Jair Bolsonaro apontada pelas pesquisas de intenção de voto para a presidência, Maia previu que os brasileiros, em sua maioria, acabarão rejeitando o radicalismo. "Bolsonaro tem um nicho e esse nicho fala muito. Quando começa a ter muitas faixas de intervenção militar, já vai assustando uma parte da sociedade."

 

Acompanhe tudo sobre:CaminhõesCaminhoneirosExércitoGrevesMichel TemerRodrigo Maia

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas