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Maia sugere que poderá tentar reeleição na Câmara

Após indicações de que vai receber apoio do Planalto e do PSDB, Rodrigo Maia sinalizou que pode tentar reeleição para presidência da Câmara

Rodrigo Maia: embora sem dar detalhes, foi a primeira vez que o deputado falou sobre o assunto (Ueslei Marcelino/Reuters)

Rodrigo Maia: embora sem dar detalhes, foi a primeira vez que o deputado falou sobre o assunto (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de novembro de 2016 às 08h38.

Brasília - Após receber indicações de apoio do Palácio do Planalto e do PSDB para disputar mais um mandato no comando da Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sugeriu nesta segunda-feira, 7, que poderá tentar a reeleição na votação para a definição da nova Mesa Diretora, em fevereiro de 2017. Ele disse que estuda a "melhor forma possível" de participar da eleição parlamentar.

Embora não tenha dado detalhes, foi a primeira vez que Maia falou sobre o tema abertamente. Até então, o deputado do DEM desconversava ou evitava responder a perguntas relacionadas à disputa interna na Casa.

"Vou participar de alguma forma. Vamos ver qual vai ser a melhor forma possível", disse Maia em rápida entrevista.

A declaração ocorre em meio às articulações de bastidores do atual presidente da Casa para tentar viabilizar sua reeleição. Ele pretende apresentar entre o fim deste mês e o início de dezembro uma consulta à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara para saber se um presidente eleito para "mandato-tampão", como ele, pode tentar se reeleger.

Pelo entendimento vigente, um presidente da Casa só pode disputar reeleição quando há uma eleição de deputado no meio de duas disputas para Mesa Diretora da Câmara. Interlocutores de Maia argumentam, porém, que seu caso é diferente, pois ele foi eleito em julho para um mandato de sete meses, após o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) renunciar ao comando da Casa.

Nessa articulação, Maia conta com apoio do PSDB, que já admite publicamente apoiar a reeleição dele.

Como já mostrou o Estadão, o apoio é defendido por aliados dos três principais caciques do partido: o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional da sigla; o ministro das Relações Exteriores, José Serra; e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Alckmin, durante evento na capital paulista, defendeu a recondução de Maia como "uma solução natural" para a Câmara. Segundo aliados do governador, como não tem condições de emplacar um aliado, é melhor para Alckmin ter Maia na presidência da Casa do que um candidato do partido ligado a Aécio ou Serra. Os três tucanos disputam internamente pela indicação do PSDB para concorrer à Presidência da República em 2018.

Oposições. Maia já comunicou a Aécio o interesse pela reeleição ao comando da Câmara. Na conversa, argumentou que tem como reunir mais apoio em torno de seu nome do que um candidato tucano.

Pelos cálculos de Maia, além dos cerca de 100 votos da antiga oposição (PSDB, DEM, PPS e PSB), ele conseguiria reunir outros 100 da atual oposição (PT, PCdoB e PDT), que o apoiou na primeira disputa.

O presidente da Câmara também ponderou na conversa que um tucano pode não ter votos de partidos nanicos, que estão irritados com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de autoria de Aécio que estabelece o fim das coligações em eleições proporcionais.

Pelas contas de aliados de Maia, o atual presidente da Casa pode conseguir até 80 votos entre os partidos pequenos.

Planalto

Apesar do discurso oficial de que não vai interferir na disputa na Câmara, o presidente Michel Temer atuará nos bastidores para eleger ali um nome de sua confiança. Nesse momento de incertezas no cenário político, ter um aliado no comando da Casa significa impedir qualquer eventual processo de impeachment de prosperar.

A articulação, até agora, é para reconduzir Maia, que já comunicou a Temer seu interesse em tentar se reeleger.

O presidente da República também avalia que é melhor segurar um pouco a campanha pela sucessão na Câmara e no Senado. O receio é de que uma disputa agora atrapalhe a votação, no Senado, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o aumento dos gastos públicos por 20 anos. A eleição que vai renovar o comando das duas Casas está marcada para 2 de fevereiro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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