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Maia lamenta ataque à exposição e Coronel Tadeu diz que defendeu policiais

Para o presidente da Câmara, cartaz quebrado por deputado pode ser "injusto", mas questão não deveria ser resolvida com agressão

Rodrigo Maia: após comentário do presidente da Câmara, debate sobre racismo tomou o plenário da Casa (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Rodrigo Maia: após comentário do presidente da Câmara, debate sobre racismo tomou o plenário da Casa (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de novembro de 2019 às 21h22.

Última atualização em 19 de novembro de 2019 às 21h24.

Brasília - Depois de parlamentares da oposição anunciarem que iriam esvaziar o plenário da Câmara em protesto ao ocorrido na exposição sobre racismo, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), falou sobre o fato. "Hoje é um dia em que nós deveríamos estar defendendo a inclusão dos negros na política, em igualdade e oportunidade, e não agredindo cartaz que pode, inclusive, ser injusto com parte da polícia, mas isso nós deveríamos ter resolvido com diálogo e não com agressão", disse na mesa do plenário.

O deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) arrancou da parede da mostra, realizada nos corredores da Câmara, uma charge do artista Carlos Henrique Latuff de Sousa em que aparecia um policial, de arma na mão, e um rapaz negro estendido no chão, com a camisa do Brasil e algemado. No cartaz, lia-se a frase "O genocídio da população negra".

Maia fez o discurso na mesa do plenário, na qual também estava sentado o próprio Coronel Tadeu.

Alguns minutos depois, o deputado pediu a palavra. Ele disse que estava passando pelo corredor quando "me deparei inicialmente com uma bela exposição sobre o racismo". "E quero aqui deixar bem claro que tenho muitos amigos negros, amigos de verdade, mas infelizmente, no trajeto e observando essa exposição eu me deparei com um cartaz ofensivo à corporação a qual pertenço que é a Polícia Militar", afirmou.

Segundo ele, não era concebível a charge estar ali. "Quem sabe não tivesse sido naquele momento a melhor forma de se tratar aquela agressão. Ai, eu endosso as palavras do presidente Maia, mas eu retirei, retirei em nome de 600 mil profissionais de segurança que socorrem vocês 24 horas por dia", afirmou.

"Naquele momento me veio simplesmente o ato de retirar aquele cartaz e continuar a bater palma pelo dia da Consciência Negra. Espero que os senhores até reflitam sobre a minha atitude, mas principalmente coloquem-se na minha posição", completou o deputado.

Debate

O debate sobre o racismo dominou o plenário da Câmara nesta noite depois do episódio. O deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) questionou o genocídio negro. "Quando falam essa falácia aqui que o negro morre por ser negro é uma grande mentira", disse. "Alguns vão à mídia para falar que acham que o negro morre, porque ele é negro. Ele morre, porque sustenta um fuzil", afirmou.

Parlamentares da oposição criticaram a atitude do deputado Coronel Tadeu. "A violência de rasgar uma placa de uma exposição dentro do Congresso é compatível com a violência que se vê nas periferias e favelas por parte do Estado", afirmou o deputado Marcelo Freixo (PSOl-RJ).

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) classificou como "inaceitável" a atitude. "É inaceitável, é desonroso para esta Casa que um Deputado Federal não tenha tolerância, não respeite a história dos negros no Brasil, não perceba a gravidade do genocídio praticado nessa sociedade contra a juventude negra e pobre da periferia do Brasil", disse.

A bancada do PSOL afirmou que irá protocolar representação no Conselho de Ética da Câmara e na Procuradoria Geral da República contra o deputado Coronel Tadeu.

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