Toffoli, Maia, Bolsonaro e Alcolumbre: em jogo está a disputa pela Presidência do Congresso nas eleições marcadas para fevereiro de 2021 (Marcos Correa/Presidência da República/Divulgação)
Leo Branco
Publicado em 9 de setembro de 2020 às 06h15.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), recebe o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, para uma sessão especial nesta quarta-feira, 9. A cerimônia está prevista para começar as 10h30.
O motivo da sessão especial é o fim do mandato de Toffoli na presidência do STF. Nesta quinta-feira, Toffoli passará o bastão da Corte ao ministro Luiz Fux após dois anos.
Maia vai receber Toffoli pessoalmente no plenário da Câmara, junto a um grupo pequeno de deputados. A maioria dos parlamentares deve acompanhar a solenidade remotamente em virtude das medidas de isolamento social por causa do novo coronavírus.
Toffoli e Maia cultivaram uma relação amistosa nos últimos meses. Em diversas ocasiões, um defendeu o outro em embates com o presidente Jair Bolsonaro ou mesmo durante os ataques de aliados do presidente às duas Casas.
Em Brasília, há quem aposte que Maia vai querer usar essa influência pessoal junto a Toffoli para convencer o STF a autorizar uma nova candidatura dele à Presidência da Câmara, em eleição marcada para fevereiro de 2021.
Maia, por ora, tem desconversado publicamente sobre o interesse em concorrer à reeleição. Só que, como principal liderança da Casa e um dos responsáveis pela aprovação da Reforma da Previdência, no ano passado, Maia tem sido visto como nome de consenso para liderar o Congresso em meio ao desafio de seguir com a agenda reformista nos próximos anos.
Para a candidatura sair do campo da especulação, Maia terá de superar uma discussão jurídica. Uma ação apresentada ao STF em agosto por lideranças do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) para barrar a reeleição à Mesa da Câmara e do Senado. O pedido ainda não tem data para ser julgado pelos ministros. Se autorizada, tanto Maia como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) estariam aptos a concorrer às eleições das duas Casas.
A reeleição de Maia seria bem-vista pelo mercado financeiro, diz o economista Arthur Mota, da EXAME Research. "A substituição de líderes é saudável e necessária em uma democracia, mas acredito que o mercado acomodaria de boa forma uma reeleição. Isso reflete o dado momento de dificuldade econômica e necessidade de aprovações de reformas, e a Câmara sob a tutela de Maia demonstrou um perfil reformista inclusive maior do que o Senado", diz.
Ao mesmo tempo, Mota vê como a relação de Maia com o ministro da Economia, Paulo Guedes, como um risco a ser contornado para a continuidade da agenda de reformas no resto deste ano e durante 2021. "Ambos são amplamente apoiados pelo mercado", diz.
Na semana passada, em entrevista à GloboNews, Maia afirmou que passará a negociar com o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, detalhes sobre reformas na área econômica.
Segundo Maia, o diálogo dele com secretários do Ministério da Economia teria sido barrado por Guedes, que por sua vez não prestigiou a cerimônia de entrega da proposta de reforma administrativa, enviada pelo governo federal à Câmara na semana passada.