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Maia e Álvaro Dias articulam aliança para isolar PSDB-MDB

A aliados, Maia diz que erra quem aposta que campanha se concentrará na polarização entre Lula (PT), que está preso e inelegível, e Jair Bolsonaro

Rodrigo Maia: presidente da Câmara e candidato do Podemos concordaram que os partidos de centro precisam se unir, pois, do contrário, nenhum de seus representantes sequer chegará ao segundo turno (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Rodrigo Maia: presidente da Câmara e candidato do Podemos concordaram que os partidos de centro precisam se unir, pois, do contrário, nenhum de seus representantes sequer chegará ao segundo turno (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de maio de 2018 às 18h20.

Brasília - Com desempenho aquém do esperado nas pesquisas, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o senador Álvaro Dias (Podemos-PR) começaram a discutir uma possível aliança na disputa presidencial deste ano.

O objetivo é construir uma coligação de centro em torno da candidatura de um deles e, dessa forma, tentar isolar PSDB e MDB, que negociam uma possível coligação em torno do ex-governador tucano Geraldo Alckmin.

Os presidenciáveis têm conversado por meio de interlocutores e já se encontraram pelo menos uma vez nas últimas semanas para tratar do assunto. No final de abril, eles almoçaram na residência oficial da Presidência da Câmara.

Também participaram do encontro a presidente do Podemos, deputada Renata Abreu (SP), e dos deputados Rodrigo Garcia (DEM-SP) e Mendonça Filho (DEM-PE), coordenadores da pré-campanha do democrata.

No almoço, Maia e Álvaro concordaram que os partidos de centro precisam se unir, pois, do contrário, nenhum de seus representantes sequer chegará ao segundo turno da disputa presidencial.

Os dois, porém, avaliaram que o cabeça dessa chapa de centro não pode ser Alckmin, que, como mostrou o Estadão/Broadcast, começou a negociar nas últimas semanas aliança que pode culminar com o ex-ministro Henrique Meirelles (MDB) como seu vice.

No DEM, a avaliação é de que Alckmin representa um "produto velho" e trará para sua candidatura todo o desgaste do governo Michel Temer, se tiver um emedebista de vice.

A aliados, Maia diz que erra quem aposta que a campanha se concentrará na polarização entre o ex-presidente Lula (PT), que está preso e inelegível, e o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Para ele, o foco acabará sendo o governo Temer. Por isso, é preciso manter um distanciamento.

Já para o grupo de Dias, uma chapa PSDB-MDB poderá favorecer o senador, na medida em que permitirá uma polarização dentro do próprio campo do centro.

"Seria o mundo ideal para nós. De um lado, estariam eles com a "chapa Lava Jato". Do outro estaríamos nós", afirmou a presidente nacional do Podemos ao Estadão/Broadcast.

Integrantes da cúpula do DEM e do Podemos já admitem que poderão abrir mão de serem os cabeças de chapa para apoiarem um ao outro. A ideia é que o candidato seja o que esteja melhor posicionado em julho.

Para democratas, Dias pode ser enquadrado como "produto novo" e tem potencial para deslanchar; só precisa de apoio partidário. No último Datafolha, o senador oscilou entre 3% e 5%.

A presidente do Podemos também diz que Álvaro pode desistir, caso Maia esteja melhor. "Se houver acordo nesse sentido, topamos. Temos tempo para buscar a convergência", disse Renata Abreu.

O presidente da Câmara, contudo, ainda patina nas pesquisas, o que faz com que sua candidatura seja desacreditada até mesmo por correligionários próximos. No Datafolha divulgado em abril, ele apareceu com 1% das intenções de voto.

Maia também tenta atrair para esse grupo outros partidos de centro que já lançaram pré-candidatos ou sinalizaram apoio a outros postulantes. Ele intensificou as conversas com o PTB, partido cujo presidente, o ex-deputado Roberto Jefferson, defende apoio da sigla a Alckmin.

Com isso, ele conseguiu, por exemplo, que o PTB não aprovasse indicativo de apoio à candidatura do ex-governador durante sua convenção em abril, como o tucano desejava.

O presidente da Câmara também tem mantido conversas com o PRB, que lançou o empresário Flávio Rocha, dono das lojas Riachuelo, como pré-candidato ao Planalto. As conversas se dão diretamente com o presidente do partido, o ex-ministro Marcos Pereira.

Além dessas legendas, o grupo de Maia diz já contar com apoio de outros partidos do centro, entre eles, PP e Solidariedade, que lançou o ex-ministro Aldo Rebelo como presidenciável.

Com a ofensiva sobre esses partidos, Maia busca se tornar o principal fiador das negociações eleitorais no centro, mesmo que não seja em torno de sua candidatura. Mesmo com 1%, o presidente da Câmara já definiu o slogan de sua campanha: "Vamos Recomeçar o Brasil". O "conceito-chave" foi concebido pelo publicitário Fabiano Ribeiro, da Propeg. Ele está atuando na equipe de marketing de pré-campanha de Maia ao lado do jornalista Lula Costa Pinto.

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