Brasil

Maggi admite pagamento do governo do Mato Grosso à Odebrecht

O ministro, contanto, refutou que o valor tenha relação com um suposto pagamento de R$ 12 mi feito pela empreiteira a sua campanha à reeleição, em 2006

Blairo Maggi: "Não resta dúvida que esse dinheiro não chegou para a campanha, porque foi pago em 2007", informou o ministro (Ueslei Marcelino/Reuters)

Blairo Maggi: "Não resta dúvida que esse dinheiro não chegou para a campanha, porque foi pago em 2007", informou o ministro (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de abril de 2017 às 18h04.

Ribeirão Preto - O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, admitiu nesta terça-feira, 18, que o governo de Mato Grosso pagou um total de R$ 18,32 milhões à Odebrecht, de dezembro de 2006 a abril de 2007, entre o final do primeiro mandato e o início de seu segundo mandato como governador daquele Estado.

Em entrevista à Rádio Capital FM, de Cuiabá (MT), Maggi disse que o valor seria parte de uma dívida de R$ 21,378 milhões que o Estado tinha com a construtora, que foi parcelada.

O ministro refutou novamente que o valor destinado à construtora tenha qualquer tipo de relação com um suposto pagamento de R$ 12 milhões feito pela Odebrecht a sua campanha à reeleição, em 2006.

Segundo os delatores João Antônio Pacífico Ferreira e Pedro Augusto Carneiro Leão, da Odebrecht, Eder Moraes Dias, ex-secretário no primeiro governo de Maggi, teria condicionado o pagamento da dívida ao recebimento do valor para a campanha.

"O então presidente da MT Fomento (Eder) não tinha participação na campanha eleitoral, nunca fez parte de comissão, de arrecadação, de organização e não tinha função dentro da campanha em 2006. Não tenho os dados de 2006 para trás, mas houve um reconhecimento da dívida de R$ 21,378 milhões (com a Odebrecht) a ser paga em sete parcelas a partir de dezembro de 2006, portanto após a campanha", disse Maggi.

Logo após a divulgação da lista de Fachin, há uma semana, ele negou qualquer relação com a construtora.

Segundo o ministro, os pagamentos foram feitos até 13 de abril de 2007, "portanto longe da campanha eleitoral", num total de R$ 18,32 milhões.

Na entrevista, ele não explicou o motivo de o restante do valor para chegar ao total da dívida ainda não ter sido pago.

"Não resta dúvida que esse dinheiro não chegou para a campanha, porque foi pago em 2007", informou.

Além disso, seria "impossível", segundo Maggi, que se cobrasse o pagamento de R$ 12 milhões em suposta contribuição para campanha por conta de uma dívida do valor que de Mato Grosso tinha com a Odebrecht.

Na entrevista, Maggi reafirmou que "jamais" pensara em estar na lista. "Jamais tive relações com esse pessoal e continuo na mesma tese", justificou.

Ele lembrou que existe apenas a investigação em curso, disse esperar que o pedido seja arquivado por falta de materialidade, mas admitiu o incômodo com a situação.

"Confesso que é uma situação inusitada, muito ruim, que desmonta a gente. Estou absolutamente derrotado internamente. Estou fazendo um esforço gigante para poder estar de pé, estar trabalhando (...), mas isso faz parte da vida e não tem como fugir", disse Maggi.

"Eu espero, já na primeira etapa, que consiga sair desse processo, porque é muito desconfortável e não condiz com a realidade (...), mas tenho de responder", concluiu.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoDelação premiadaMarcelo OdebrechtMato GrossoMinistério da Agricultura e PecuáriaNovonor (ex-Odebrecht)

Mais de Brasil

Banco Central comunica vazamento de dados de 150 chaves Pix cadastradas na Shopee

Poluição do ar em Brasília cresceu 350 vezes durante incêndio

Bruno Reis tem 63,3% e Geraldo Júnior, 10,7%, em Salvador, aponta pesquisa Futura

Em meio a concessões e de olho em receita, CPTM vai oferecer serviços para empresas