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Lupi quer mostrar provas materiais à Dilma para ficar no cargo

O ministro deve prestar novas explicações públicas na quinta-feira, quando participará de audiência pública no Senado

Segundo a fonte do Planalto, que pediu para não ter seu nome revelado, a presidente não está "ansiosa" para definir a situação de Lupi (Antonio Cruz/ABr)

Segundo a fonte do Planalto, que pediu para não ter seu nome revelado, a presidente não está "ansiosa" para definir a situação de Lupi (Antonio Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 19 de julho de 2012 às 14h10.

Brasília - A situação do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, no governo ainda é delicada e sua permanência depende da nova rodada de explicações que dará ao Congresso, ao Palácio do Planalto. Também pesará na decisão da presidente Dilma Rousseff a influência que eventual manutenção de Lupi terá na aprovação da prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU) na Câmara.

O ministro conversou com Dilma nesta quarta-feira e disse que tem como provar que não usou um avião alugado por um dirigente de uma organização não-governamental para deslocamentos em 2009 e inclusive pode voltar a conversar com a presidente nesta quarta para mostrar "provas materiais", segundo relato de uma fonte do Palácio do Planalto.

Lupi havia negado em depoimento na Câmara dos Deputados na semana passada ter relações com o empresário Adair Meira, que integra a direção da ONG Pró-Cerrado. Entretanto, de acordo com uma nova denúncia, feita pela revista Veja no fim de semana, o ministro voou na aeronave fretada por Meira e, meses depois, a Pró-Cerrado assinou convênios com o Ministério do Trabalho.

Segundo a fonte do Planalto, que pediu para não ter seu nome revelado, a presidente não está "ansiosa" para definir a situação de Lupi, mas quer que ele seja convincente.

O ministro deve prestar novas explicações públicas na quinta-feira, quando participará de audiência pública no Senado. Pelo menos até lá, Dilma não deve tomar uma decisão definitiva sobre o caso.

A presidente também avalia se a manutenção do ministro não atrapalha a votação em segundo turno na Câmara da proposta de emenda à Constituição (PEC) que prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU) por quatro anos.


A PEC da DRU já foi aprovada em primeiro turno na Casa, em duas sessões que duraram horas, e a área política do governo teme que se Dilma mantiver o apoio a Lupi a oposição possa dificultar e até mesmo atrasar a votação da matéria em segundo turno.

Um atraso de uma semana nessa votação pode significar uma grande derrota para o Executivo e Dilma tem se empenhado desde a semana passada para garantir que o governo tenha liberdade para aplicar até 20 por cento dos recursos orçamentários, como prevê a DRU, até 2014. Ela argumenta que essa é uma medida essencial para enfrentar a crise financeira global.

Uma outra fonte do Palácio do Planalto disse que essa consequência foi debatida num jantar entre a presidente, o presidente do PT, Rui Falcão, e outros ministros na terça-feira.

O governo não quer correr mais riscos na tramitação dessa PEC e já foi alertado pelos líderes aliados do Senado que o prazo de tramitação na Casa é muito apertado. A DRU vence no final deste ano.

Apoio partidário

Enquanto tenta colher provas de que não mentiu ao Congresso na audiência pública da Câmara na semana passada, Lupi também tenta manter a bancada pedetista no Parlamento coesa em sua defesa.

Depois de conversar com Dilma, o ministro, que é presidente licenciado da legenda, se reuniu com lideranças pedetistas para definir uma estratégia de defesa e acalmar aqueles que eventualmente prefiram que ele deixe o governo para evitar prejuízos maiores à imagem do partido.

Na avaliação do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, que participou do encontro, as denúncias são "frágeis" e as provas devem "aparecer." "O ministro disse, com todas as letras, que a Dilma quer que ele fique e ele vai ficar", afirmou o deputado.

Desde junho, cinco ministros do governo Dilma já deixaram seus cargos em meio a denúncias de irregularidades - Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Silva (Esporte).

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