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Lula volta a defender regulação da mídia em entrevista

Presidente define o marco no setor como a "democratização nos meios de comunicação"

Grandes meios de comunicação foram alvo de ataques do presidente Lula (Wilson Dias/AGÊNCIA BRASIL)

Grandes meios de comunicação foram alvo de ataques do presidente Lula (Wilson Dias/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 2 de dezembro de 2010 às 13h49.

Na entrevista a rádios comunitárias realizada na manhã de hoje no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender regras de regulação dos meios de comunicação e pediu que todos os setores estejam atentos e presentes às discussões que vão se estabelecer nos próximos dois anos para a criação destes marcos. Isso para que nenhum dos lados saia beneficiado e se chegue a um bom termo no texto.

Fazendo de conta que não sabe que o seu atual ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, já foi escolhido pela presidente eleita, Dilma Rousseff, como novo ministro das Comunicações, o presidente Lula disse que ela certamente vai escolher alguém para a pasta que "tenha também uma afinidade com a necessidade de democratização nos meios de comunicação".

No final da entrevista de mais de uma hora, um dos radialistas perguntou a Lula se ele achava que as rádios comunitárias "derrubavam avião ou tubarão", em uma referência implícita aos grandes grupos de comunicação. Lula, então, respondeu: "Eu sinceramente não sou técnico especialista para dizer se rádio comunitária derruba avião. Obviamente que qualquer rádio que interferir no sistema do avião pode criar um problema. Mas eu acho que hoje ela preocupa muito mais o tubarão do que um avião".

Nesta entrevista, os grandes meios de comunicação foram alvo de ataques de Lula e dos representantes das rádios comunitárias escolhidos para participar do encontro. O presidente Lula começou dizendo que "há uma briga histórica que eu considero um equívoco: os meios de comunicação confundirem uma crítica que qualquer pessoa faça a eles como um cerceamento de liberdade de imprensa. É a coisa mais absurda, mais pobre do ponto de vista teórico que conheço é alguém achar que não pode receber crítica, que são intocáveis". Em seguida, vangloriou-se da sua relação com a imprensa, salientando que aprendeu a não se queixar, que nunca pediu para ninguém falar bem dele ou ser favorável, e que nunca ligou para ninguém para pedir para não fazer tal matéria, mas ressaltou que queria que "se fale a verdade, que fale aquilo que aconteceu".

Monopólio

Para o presidente, "ainda há um monopólio das telecomunicações no Brasil". Em seguida, ressalvou, se contradizendo, ao comentar que "nós avançamos no ponto de vista da democratização porque nós não temos mais o monopólio de um jornal ou um canal de TV. Está mais pulverizado e já é um sinal importante", afirmou ele, ao lembrar que, quando chegou ao Planalto, ouviu muita reclamação porque decidiu "democratizar" e "regionalizar" a publicidade do governo quando passaram de 499 meios de comunicação que recebem dinheiro do governo para 8010. "Tinha um pequeno grupo acostumado a comer sozinho e quando você reparte, as pessoas reclamam", comentou, dizendo que não é possível que uma pessoa no Nordeste seja obrigada a assistir a programa de São Paulo porque só tem TV parabólica. "Daqui a pouco no Nordeste, os companheiros vão esquecer de falar macaxeira e vão falar só aipim", ironizou.

De acordo com o presidente, depois da realização da Conferência Internacional de Comunicação, em novembro, em Brasília "ficou claro pra todo mundo que no mundo inteiro tem regulação, que tem algum tipo de regulação (dos meios de comunicação)" e que será possível, com esta discussão, "conquistar muitas coisas na elaboração deste marco regulatório". Segundo Lula, "o novo Ministério das Comunicações, vai estar diante de um novo paradigma de discussão de comunicação", insistindo na participação da rádios comunitárias neste debate para a elaboração do novo texto.

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