Brasil

Lula visita sede da Interpol e diz que combate ao crime exige 'ações multilaterais e coordenadas'

Visita ocorre dias após a deputada Carla Zambelli entrar na lista de procurados da instituição

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 9 de junho de 2025 às 11h09.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou sua viagem à França, nesta segunda-feira, em Lyon, com uma visita à sede da Interpol, hoje sob o comando do brasileiro Valdecy Urquiza. Lula assinou uma declaração de intenções entre o Brasil e a organização.

Rouco, Lula disse que voltaria ao Brasil na noite de domingo. Porém, fez um esforço para estar presente na solenidade. Ele foi homenageado com uma medalha pela Interpol, pelos esforços do governo brasileiro no combate aos crimes transnacionais.

"É a primeira vez que um presidente brasileiro visita a sede da Interpol. É motivo de orgulho e de grande orgulho ser recebido por outro brasileiro que chegou ao cargo mais alto da organização (Valdecy Urquiza). Essa organização atua na busca da pressão de alguns dos criminosos mais perigosos do planeta. Combate o terrorismo, resgata vítimas de tráfico e de exploração sexual e protege o meio ambiente. Uma das consequências perversas da globalização é a articulação de grupos criminosos para além das fronteiras nacionais. A criminalidade está evoluindo a uma velocidade sem precedentes, exigindo ações multilaterais, urgentes e coordenadas", afirmou Lula.

Ele enfatizou que a declaração de intenções firmada hoje vai reforçar a cooperação internacional para o enfrentamento do crime organizado, desarticular organizações criminosas transnacionais e suas redes de apoio, apoiar a modelização tecnológica institucional dos órgãos de segurança pública no Brasil e na América Latina e promover a proteção de grupos vulneráveis e os direitos humanos na atuação policial.

"As medidas que tomamos recentemente vão na mesma direção para tornar o Brasil e o mundo mais seguro. Ampliamos nossa rede de adidos da Polícia Federal para 34 postos nos cinco continentes. Agora, estamos presentes em todos os países da América do Sul. A criação do Centro de Cooperação Internacional da Amazônia reúne as autoridades de segurança pública dos nove países com os quais compartilhamos esse bioma. Na tríplice fronteira com a Argentina e o Paraguai, estabelecemos plataforma permanente de cooperação para combater crimes financeiros e o tráfico de drogas, de armas e de pessoas. Fortalecer a segurança pública também significa proteger a natureza", disse o presidente.

Segundo Valdecy Urquiza, secretário-geral da instituição, o mundo inteiro vive sob ameaças de organizações internacionais criminosas, como tráfico humano, prostituição infantil e crimes ambientais.

"Nenhum país está imune e nenhum setor está a salvo", disse Urquiza.

Ele afirmou que o acordo assinado hoje vai ampliar as possibilidades de cooperação e viabilizará novas operações conjuntas. Serão identificadas áreas e modalidades específicas de colaboração entre a Interpol e o Brasil.

A visita de Lula a Lyon ocorre dias depois de a deputada Carla Zambelli (PL-SP) ter sido incluída na lista de foragidos internacionais da Interpol. Condenada a dez anos de prisão e perda do mandato, Zambelli está na Itália.

Na última sexta-feira, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou, por unanimidade, um recurso apresentado por ela contra sua condenação, ocorrida em maio. Com isso, a ação penal foi encerrada e o ministro da Corte, Alexandre de Moraes, determinou a prisão definitiva da parlamentar e do hacker Walter Delgatti, também condenado na mesma ação, mas a oito anos e três meses de prisão.

Zambelli e Delgatti foram condenados em maio, pela Primeira Turma do STF, por invasão a dispositivo informático e falsidade ideológica, pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

A deputada alega que o hacker foi o único responsável pela invasão e que ele tentou atribuir a culpa a ela. Já Delgatti confirma sua atuação, mas afirma que agiu a mandado de Zambelli.

Lula começou sua agenda na França na semana passada. Participou de várias reuniões com o presidente francês, Emmanuel Macron. Entre os assuntos abordados pelos dois mandatários, receberam destaque o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, a guerra na Ucrânia, a defesa do multilateralismo e a conferência mundial sobre o clima, a COP30, que acontecerá em novembro deste ano, em Belém (PA).

No domingo, Lula cobrou maior compromisso das nações desenvolvidas com a preservação dos oceanos, durante um evento em Mônaco, e disse que há uma déficit de US$ 150 bilhões por ano. Ele alertou que o planeta está em risco.

Nesta segunda-feira, antes de ir para a sede da Interpol, Lula participou, em Nice, da terceira Conferência da ONU sobre os Oceanos. Ele anunciou sete compromissos voluntários do Brasil, relacionados à proteção de áreas marinhas, durante seu discurso na abertura.

Entre as promessas, além de zerar o desmatamento até 2030, o governo aumentará de 26% para 30% a cobertura das áreas marinhas protegidas. A ideia é cumprir a meta do Marco Global para a Biodiversidade.

O presidente retorna a Brasília na noite desta segunda-feira.

Acompanhe tudo sobre:Janja Lula da SilvaInterpolFrança

Mais de Brasil

Interrogatório de Jair Bolsonaro acontece nesta terça-feira: veja horário e onde assistir ao vivo

Caminhoneiros suspendem greve em Minas Gerais após acordo com a Vibra Energia

São Paulo tem chuva pela manhã e frio à noite nesta terça-feira, 10; veja previsão do tempo

STF retoma interrogatórios no 2º dia de julgamento por trama golpista