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Lula vê ação para Dilma "não concluir mandato"

O ex-presidente defendeu o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, e disse que há uma intenção de impedir que a presidente Dilma Rousseff conclua seu mandato

Solenidade de comemoração dos 35 anos de fundação do PT (Ricardo Stuckert/Instituto Lula/Fotos Públicas)

Solenidade de comemoração dos 35 anos de fundação do PT (Ricardo Stuckert/Instituto Lula/Fotos Públicas)

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Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2015 às 21h52.

Belo Horizonte - Em sua primeira participação numa reunião do Diretório Nacional do PT desde que o partido chegou ao governo federal, em 2003, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta sexta-feira, 6, o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, e disse, sem citar nomes, que há uma intenção de impedir que a presidente Dilma Rousseff conclua seu mandato.

"Não é fácil um partido de esquerda governar um país importante como o Brasil. Eles não querem nem deixar concluir o mandato da Dilma, tentando criar todo e qualquer processo de desconfiança. Querem que o PT seja desacreditado na sociedade brasileira", afirmou Lula, segundo a Agência PT de Notícias.

Vaccari, que na quinta-feira, foi levado à Polícia Federal para prestar depoimento no âmbito da Lava Jato, também participou do evento. O tesoureiro é investigado por suspeitas de intermediar a arrecadação de propinas ao PT por meio de um esquema de corrupção e de cartel na Petrobrás. "O que aconteceu ontem (anteontem) é repugnante", afirmou Lula, conclamando o PT a "voltar pra luta". "Não podemos permitir que quem não tem moral, venha dar moral na gente."

Lula, segundo relatos colhidos pelo jornal O Estado de S.Paulo, comparou as denúncias investigadas pela Operação Lava Jato ao episódio do mensalão. "Se a ficarmos quietos, a sentença já está dada."

"A briga é política. O PT tem que ter essa consciência. Tem que usar a tribuna, tem que responder, tem que votar, tem que gritar tanto quanto eles, tanto na Câmara, quanto no Senado", disse o ex-presidente, conforme a agência do PT.

Para Lula, há uma tentativa de "criminalizar" a legenda. De acordo com participantes da reunião, fechada à imprensa, ele disse que o partido precisa reagir, sob o risco de o Judiciário "julgar (os crimes investigados pela Operação Lava Jato) pela pressão que se cria na sociedade e não pela lei".

As declarações de que propinas abasteceram o partido foram dadas pelo ex-gerente de Serviços da Petrobrás Pedro Barusco em delação premiada aos investigadores da Lava Jato. Segundo ele, o partido arrecadou, por intermédio de Vaccari, até US$ 200 milhões a partir do esquema de desvios.

Aos presentes, Lula defendeu o sistema de arrecadação de recursos para o partido e atacou Barusco, a quem se referiu como "bandido". "O PT arrecadou, sim, mas arrecadou legalmente. Os outros partidos também arrecadaram mas deles ninguém fala. Existe uma articulação para criminalizar o PT", insistiu.

Na mesma reunião, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), também dirigiu parte do seu discurso para defender Vaccari. Aplaudido diversas vezes em sua fala, Pimentel também recebeu aplausos quando pediu solidariedade ao tesoureiro do partido.

O ex-presidente voltou a reclamar da cobertura feita pela imprensa sobre a Lava Jato. De acordo com ele, embora Barusco tenha admitido que o esquema de propinas na estatal começou em 1997, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), apenas os casos envolvendo gestões petistas foram destacadas.

Contas

Um informe elaborado por Vaccari foi apresentado durante o encontro. No texto, ele falou sobre as finanças do partido e estimou que a legenda vai perder R$ 10 milhões ao ano em receita por causa da diminuição da fatia do Fundo Partidário a que a sigla tem direito. A previsão de queda do recurso, repassado pela União a todas os partidos, é menor em razão da diminuição da bancada na Câmara e do aumento do número de partidos no País.

No informe, Vaccari sugeriu que o PT terá de "apertar o cinto". A economia inclusive começou nos festejos do partido, já que alguns dirigentes viajaram de carro para Belo Horizonte porque o partido alegou não ter dinheiro para pagar passagens aéreas a eles.

Na capital mineira, o ex-presidente participou, ao lado de Dilma e do ex-presidente do Uruguai José Pepe Mujica, da festa de aniversário de 35 anos do PT. Vaccari também estava no palco do evento, realizado no Minascentro, na região central da capital mineira.

Panelaço

Um grupo contrário ao PT promoveu um "panelaço" em frente ao centro de convenções. A manifestação foi montada na porta do local e por pouco não houve confusão com as centenas de petistas e simpatizantes que chegavam ao local. Para evitar confronto, a Polícia Militar fez um cordão de isolamento e deixou manifestantes pró-PT de um lado da Avenida Augusto de Lima e os contrários ao partido, no canteiro central.

Segundo a Polícia Militar, cerca de 80 pessoas protestaram contra Dilma e Pimentel. Entre os manifestantes estavam integrantes da Juventude do PSDB e pessoas que trabalharam nas campanhas tucanas de Aécio Neves à Presidência e de Pimenta da Veiga ao Executivo estadual.

Um militante petista, cujo nome não foi revelado, foi preso por arremessar um saco de farinha em direção ao protesto contrário ao PT.

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