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Bastidores: Lula, Alckmin e Mauro Vieira debatem resposta à taxação do aço e alumínio por Trump

Presidente da República já havia afirmado que responderia com reciprocidade de produtos brasileiros fossem alvo de sobretaxação dos Estados Unidos

Publicado em 10 de fevereiro de 2025 às 09h41.

Última atualização em 10 de fevereiro de 2025 às 15h09.

Uma resposta ao anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sobretaxar o aço e o alumínio brasileiro será debatida pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pelo vice-presidente e ministro da Indústria, Desenvolvimento, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmaram à EXAME técnicos do Planalto.

Auxiliares de Lula e Alckmin relembraram que o presidente afirmou há poucos dias que qualquer taxação de Trump seria respondida com reciprocidade.

Na prática, o governo brasileiro pode aumentar os impostos de importação para os produtos norte-americanos. Entretanto, o Planalto aguarda que Trump formalize o ato antes de tomar qualquer medida.

Alckmin cumpre agenda nesta segunda-feira, 10, no interior de São Paulo para visitar uma planta industrial. Ainda não há previsão de que ele volte para Brasília para tratar do assunto, mas uma escalada das tensões pode levar Lula a convocar o vice-presidente à capital federal.

O governo trata o tema com urgência e cautela, diante da representatividade das indústrias de aço e alumínio no Brasil.

Algumas das companhias brasileiras de aço, como a Gerdau, possuem fábricas também nos Estados Unidos. Assim como no Brasil operam empresas de alumínio norte-americanas, como a Alcoa.

Ao mesmo tempo, representantes do setor de alumínio terão uma reunião nesta segunda-feira, 10, com Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do MDIC. A reunião já estava marcada antes da fala de Trump sobre a taxação do setor e iria tratar de assuntos diversos. Agora, a expectativa é que seja debatida os impactos da futura taxação para as empresas.

Taxação de 25% sobre o aço e o alumínio brasileiro

No domingo, 9, Trump afirmou à imprensa americana que implementaria tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio a partir desta segunda-feira, 10.

As taxas se somam às demais aplicadas na reformulação da política comercial do novo governo americano. Tarifas recíprocas devem ser aplicadas na terça ou quarta-feira, com efeito praticamente imediato.

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Um das promessas de campanha de Trump é retribuir as taxações aplicadas a produtos exportados pelos Estados Unidos com taxações ao que é importado dessas nações.

Hoje, os Estados Unidos contam com uma média de 2% de impostos sobre importações de itens industriais, que compõem 94% do que os EUA compram de outras nações. Metade dessas importações são isentas de impostos.

Brasil: 2º maior fornecedor de aço para os EUA

Os dados mais atualizados do Departamento de Comércio dos Estados Unidos (DOC) mostram que o Brasil será um dos mais afetados pela tarifa de 25% a ser imposta por Trump às importações de aço pelo país.

Em 2024, o Brasil foi o segundo maior fornecedor do metal para os EUA, atrás apenas do Canadá. No acumulado do ano, o país vendeu 4,08 milhões de toneladas, representando 15,5% de tudo que os Estados Unidos compraram de fora. De acordo com o governo americano, o montante equivaleu a US$ 2,99 bilhões.

Brasil e EUA: comércio em alta até aqui

Os anúncios e a nova política tarifária de Trump pode interromper um ciclo de aprofundamento do comércio entre os países. Como EXAME mostrou no ano passado, o total de empresas do Brasil que exportam para os Estados Unidos bateu um recorde histórico.

Em 2023, último dado disponível, 9.533 companhias nacionais venderam produtos ao país norte-americano, e a maioria deles são itens de maior tecnologia.

O levantamento mostrou que as empresas que exportam aos EUA pagam melhores salários aos funcionários e empregam mais mulheres, na comparação com companhias que vendem a outros países.

"Nunca na história tantas empresas exportaram para um único destino quanto exportaram no ano passado para os Estados Unidos", disse Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do MDIC. "Isso é algo que interessa porque ampliar a base exportadora do Brasil é um objetivo do governo federal."

Em 2000, havia 4.664 empresas brasileiras exportando aos EUA. Em 2005, este número atingiu 8.023, mas houve queda nos anos seguintes, em parte por causa da crise financeira americana.

A retomava veio a partir de 2013 e ganhou mais força nos últimos cinco anos, com crescimento contínuo desde 2018, até chegar aos atuais 9.953.

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