Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, recebe cumprimentos do Presidente da Bolívia, Luis Arce ( Ricardo Stuckert/PR/Flickr)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 28 de setembro de 2023 às 08h58.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai conversar na manhã desta quinta-feira, 28, por telefone com o presidente da Bolívia, Luis Arce. Este é o segundo telefonema entre os dois presidentes em dias consecutivos. A pauta das conversas não foi divulgada até o momento pela Secretária de Comunicação ou pelo Itamaraty.
Ontem, os governos do Brasil e da Bolívia soltaram uma nota conjunta sobre a construção de uma ponte internacional sobre o Rio Mamoré. Os países reafirmaram a intenção de retomada do acordo firmado em 2007 para realização da obra com " a maior brevidade possível". Uma nova proposta deve ser apresentada até a próxima sexta-feira. O assunto deve ser tratado entre os presidentes.
O telefonema acontece em meio ao rompimento entre o ex-presidente Evo Morales e seu antigo ministro da economia e atual mandatário boliviano. Morales anunciou no último domingo que vai se candidatar à presidência da Bolívia em 2025. Em publicação no X, antigo Twitter, Morales afirmou que foi "obrigado" a tomar esta medida pelos "ataques do governo", que ele acusa de atentar "fisicamente" contra a sua vida.
Nos últimos meses, Morales e a cúpula do governo Arce trocaram acusações. O ex-presidente acusou dois ministros de tentarem envolvê-lo em casos de corrupção, além de afirmar que o governo Arce "foi para a direita".
Agendado para os dias 3, 4 e 5 de outubro, o congresso do MAS deve definir quando serão as primárias para definir os candidatos à presidência e vice-presidência em 2025. No poder desde 2020, Arce ainda não confirmou se será candidato à reeleição, mas a disputa no partido deve ser entre ele e Morales. Hoje, a constituição boliviana determina que o mandato de um presidente é de cinco anos, com possibilidade de reeleição apenas uma vez de forma consecutiva.
Morales foi presidente da Bolívia por quase 14 anos, entre 2006 e 2019. Ele renunciou em novembro daquele ano, depois de acusações de fraude nas eleições que lhe dariam o quarto mandato consecutivo. Ele perdeu o apoio das Forças Armadas do país e viu protestos tomarem conta das ruas da Bolívia, e deixou o país após pressão pública dos militares.
Evo viajou no México e, semanas depois, refugiou-se na Argentina. Com a eleição do seu então herdeiro político em 2020, o ex-presidente voltou ao seu país natal. De acordo com dados do último censo da Bolívia, 40,6% da população se declara indígena. Morales foi o primeiro presidente dessa parcela da população a ser eleito presidente.