Brasil

Lula diz que plano para a segurança pública terá resistências de governadores

Lula defendeu o aumento no número de policiais federais e a maior participação no processo de segurança; ministro da Justiça enviou proposta de PEC para reforçar a competência da Polícia Federal no combate a milícias e crimes ambientais

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 2 de julho de 2024 às 10h09.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o governo federal apresentará uma proposta de segurança pública e que enfrentará a resistência dos governadores. Lula afirmou que muitos reclamam da segurança, mas "não querem abrir mão do controle da polícia". O chefe do Executivo falou sobre o assunto em entrevista à rádio Sociedade, de Feira de Santana (BA) na manhã desta terça-feira, 2.

A pauta da segurança tem sido delicada desde o começo do terceiro mandato de Lula. O presidente tem enfrentado críticas pelo aumento dos índices de criminalidade do país e pela falta de uma política estruturada para a área.

"Em 10 a 15 dias, vou chamar Lewandowski e todos os ministros que foram governadores de estado para que a gente possa fazer uma proposta de segurança publica sabendo que a gente vai enfrentar a recusa de muitos governadores. Muitos reclamam da segurança, mas não querem abrir mão do controle da polícia. Não queremos ter ingerência. O que queremos saber é se é necessário o governo federal participar não só com repasse de dinheiro".

Lula ainda defendeu o aumento no número de policiais federais e a maior participação no processo de segurança. Recentemente, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, enviou ao Palácio do Planalto o texto de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com o intuito de reforçar a competência da Polícia Federal no combate a milícias e crimes ambientais.

A medida também visa "constitucionalizar" o Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e o Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), que hoje vigoram por meio de leis comuns.

Lula afirmou que o crime organizado "tomou conta do Brasil" e que os estados sozinhos não dão conta da segurança. O presidente citou a PEC para "definir o papel de cada um para ter "certeza que vamos ter mais segurança pública nesse país".

"Sou favorável que a gente tenha mais Polícia Federal, que a gente possa participar mais no processo de segurança, sobretudo no combate ao crime organizado, narcotráfico, facções. Hoje tomou conta do Brasil. É uma coisa mais delicada e eu acho que os Estados sozinhos não dão conta. Queremos fazer uma proposta de aprovar uma PEC que define o papel de cada um, para dar ao povo certeza que vamos ter mais segurança pública nesse país".

O texto enviado por Lewandowski acrescenta às atribuições da Polícia Federal no artigo 144 da Constituição a investigação de crimes "cometidos por organizações criminosas e milícias privadas" e em "matas, florestas, áreas de preservação ou unidades de conservação". Na prática, isso amplia as prerrogativas da PF em atuar contra esquemas de milícia com repercussão interestadual e internacional, como ocorreu no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco.

A PEC também adiciona à Carta Magna a previsão do Sistema Único de Segurança Pública (Susp) no mesmo molde do Sistema Único de Saúde (Sus) e do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) em um formato semelhante ao do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).

A Constituição define a distribuição de recursos público ao Sus e ao Fundeb - o que é conferido ao Susp e FNSP por meio de lei. Instituído em 2018, o Susp até hoje não foi completamente implementado pelas administrações federal, estadual e municipal que o envolvem. Na visão de Lewandowski, a constitucionalização desse programa melhoraria a articulação e integração entre todos os órgãos.

O ministro tem dito a parlamentares que o objetivo da PEC não é invadir a competência dos Estados, mas conferir mais segurança jurídica ao trabalho da Polícia Federal e fortalecer o sistema de padronização de ações e financiamento da segurança pública pelo governo federal.

 

Acompanhe tudo sobre:Luiz Inácio Lula da SilvaSegurança públicaRicardo Lewandowski

Mais de Brasil

Governo de SP assina contrato para compra de 12 mil câmeras corporais para uso da PM estadual

'Se não reverter fluxo, biomas e país estarão ameaçados', diz Flávio Dino

Nunes tem 28%; Boulos, 25,5%, e Marçal 19,7%, em São Paulo, diz pesquisa Futura

TSE e Ministério da Justiça assinam portaria que proíbe PRF de bloquear estradas no dia da eleição