Brasil

Lula se irrita com juiz que decide "destino de argentinos"

O ex-presidente criticou o juiz americano encarregado do processo dos chamados "fundos abutres"

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Buenos Aires (Hugo Villalobos/AFP)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Buenos Aires (Hugo Villalobos/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2015 às 21h53.

Buenos Aires - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta-feira, em Buenos Aires, o juiz americano encarregado do processo dos chamados 'fundos abutres' por se atribuir o poder de decidir o futuro da Argentina.

"Um juiz americano decide o destino de milhões e milhões de argentinos. Não pode ser, não permitam!" - disse Lula ao discursar como o principal orador do Congresso Internacional de Responsabilidade Social diante de centenas de funcionários, economistas e políticos.

Lula fez esta declaração durante uma visita de três dias em campanha a favor do candidato do governo à Presidência, Daniel Scioli, e no mesmo dia em que a Assembleia Geral da ONU aprovou, por esmagadora maioria, uma resolução não vinculante para regular a reestruturação de dívidas soberanas e evitar batalhas judiciais como a da Argentina contra os fundos especulativos.

O juiz nova-iorquino Thomas Griesa emitiu sentenças favoráveis a investidores especulativos por uma dívida não paga original de 1,33 bilhão de dólares. Os litigantes integram 7% de detentores de bônus que se recusaram a aderir à reestruturação da dívida soberana argentina.

Em represália ao país, uma sentença de Griesa impede que detentores de bônus dos 93% que aderiram à reestruturação recebam parcelas pagas pela Argentina.

A resolução da ONU estabelece que "um Estado tem o direito de desenhar sua política macroeconômica, inclusive a reestruturação de sua dívida soberana, a qual não deve ser frustrada ou impedida por nenhuma medida abusiva".

Os 'fundos abutres' são chamados assim por comprar a preço baixo títulos de países em 'default', como a Argentina, no final de 2001, e depois tentar pela via judicial sua cobrança 100% em dinheiro, sem aceitar nenhum financiamento.

Lula usou seu tom enérgico de crítica aos especuladores em um momento em que o Brasil acaba de perder o grau de investimento de sua dívida soberana com o argumento de que perdeu capacidade de ajuste fiscal, segundo a agência de classificação internacional Standard and Poor's.

"Todas as experiências de ajuste levaram os países a um empobrecimento", afirmou o ex-presidente, que se reuniu na quinta-feira com a presidente Cristina Kirchner.

A visita ocorre em um momento em que sua sucessora, Dilma Rousseff, atravessa uma impopularidade sem precedentes.

Lula se declarou torcedor do candidato presidencial peronista Scioli, o mais votado (38%) nas primárias obrigatórias e nacionais de 9 de agosto, à frente do conservador Mauricio Macri (30%) e do peronista opositor Sergio Massa (20%).

As eleições presidenciais e legislativas serão celebradas em 25 de outubro.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaEstados Unidos (EUA)Luiz Inácio Lula da SilvaPaíses ricosPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Nunes tem 26,8%, Boulos, 23,7%, e Marçal, 21%, em SP, diz Paraná Pesquisas

Mancha de poluição no rio Tietê cresce 29% em 2024, 3ª alta anual consecutiva

'Perigo': Inmet alerta para tempestades no Sul e baixa umidade no centro do país; veja previsão

Maduro afirma que Edmundo González 'pediu clemência' para deixar a Venezuela