O ex-presidente lembrou que a tradição diplomática do Brasil sempre foi pelo multilateralismo, ou seja, "se dar bem" com todos os países (Um Brasil/Reprodução)
Agência de notícias
Publicado em 7 de março de 2024 às 08h01.
O ex-presidente Michel Temer disse nesta quinta-feira, 7, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria admitir que se expressou mal ao comparar o alto número de mortes de civis palestinos durante a ofensiva israelense em Gaza com o Holocausto perpetrado por Adolf Hitler contra judeus na Alemanha.
No entanto, o ex-mandatário acha que a exigência por parte de Israel de um pedido de desculpas de Lula é "um exagero".
"Para o presidente pedir desculpas, acho que há um certo exagero. O que ele poderia ter feito era, logo em seguida, quando repercutiu negativamente, vir a público e dizer que tinha sido mal interpretado. E talvez mal interpretado por ter se expressado mal", avaliou, ao chegar à "Brazil Emirates Conference", realizada pelo Lide em Dubai. "Isso deveria ter sido feito já no dia seguinte, para paralisar qualquer reação", completou.
Para Temer, a fala de Lula e a reação do governo israelense levaram a um embate desnecessário entre as diplomacias dos dois países. "Ainda há tempo para a diplomacia brasileira dizer que (o tema) foi mal expressado, mal interpretado. Mas todo o respeito e toda a tristeza por aquele evento tão trágico, como foi o Holocausto", acrescentou.
O ex-presidente lembrou que a tradição diplomática do Brasil sempre foi pelo multilateralismo, ou seja, "se dar bem" com todos os países. "No episódio Israel-Palestina, a posição tradicional do Brasil é propor a paz, que se consegue pela criação dos dois Estados. Eu sempre tomei essa cautela em todas as vezes que ia falar sobre isso na ONU ou em conferências internacionais".
Como mostrou o Broadcast Político nesta quarta-feira, 6, o índice de aprovação de Lula piorou de 54% para 51%, de acordo com pesquisa Genial/Quaest realizada entre os dias 25 e 27 de fevereiro, já após as declarações do presidente sobre o conflito. Já a desaprovação à atuação de Lula aumentou de 43% para 46% no mesmo período.
Segundo o levantamento, os índices foram puxados principalmente pela opinião dos evangélicos no que diz respeito às declarações de Lula sobre o conflito entre Israel e Palestina. A comparação com o Holocausto foi considerada exagerada por 60% dos entrevistados e por 69% dos evangélicos.
Ainda ontem, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, admitiu que a declaração do chefe do Executivo sobre a atuação de Israel em Gaza teve impacto na pesquisa, mas reforçou que o governo não irá alterar o seu posicionamento sobre a guerra.
*O repórter viajou a convite do Lide.